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Grupo formado por 150 pais monitora orientação sexual de professores em escola de SP

Informações como orientação sexual e crenças religiosas dos profissionais são coletadas e compartilhadas em um grupo de Whatsapp

(Ilustrativo)
(Ilustrativo)

Com a justificativa de “evitar doutrinação”, um grupo formado por aproximadamente 150 pais resolveu monitorar as redes sociais de professores da instituição particular de ensino Chaminade, em Bauru SP. Informações como orientação sexual, crenças religiosas, “ideologia de gênero” e “utilização de linguagem neutra” dos profissionais são coletadas e compartilhadas em um grupo de Whatsapp.

Jornal Dois teve acesso ao grupo, que foi criado após uma reunião realizada no dia 17 de janeiro, na qual os pais levaram o tema às autoridades escolares, mas não teriam recebido a atenção pretendida.

Grupo formado por pais do colégio Chaminade. Tem a finalidade de debater assuntos relativos à postura da escola frente à conduta e temas sensíveis à educação, os quais podem estar em desarmonia com os princípios éticos, profissionais e de valores da família esperados por nós, pais”, diz a descrição do grupo.

Além disso, fotos com roupas dos profissionais tidas como “inapropriadas” pelos pais também foram partilhadas no tal grupo. Os pais acreditam que bisbilhotar a vida particular é importante, pois, para eles, a postura dos professores fora da sala deve refletir em aula.

Uma pessoa que tem um tipo de comportamento na vida particular, não deve ter uma postura muito diferente dentro da escola. Um professor que posta foto maquiado e dançando de forma, no meu ponto de vista, inadequada, não deve conseguir passar para os alunos aquilo que esperamos de uma escola cristã”, afirmou uma mãe por mensagem.

Pais mandam notificação à escola

Pais também enviaram à escola uma “notificação extrajudicial” pedindo informações acerca do conteúdo das aulas. Eles reivindicam – “controle da conduta de professores e assistentes nas redes sociais”, a “segurança da não exposição dos filhos à educação sexual, pronome neutro e ideologia de gênero” e a “proibição da discussão sobre o aborto”.

De acordo com o advogado Victor Almeida, a situação poderia ser tipificada como um caso de “discriminação velada”, sob argumento de “proteção dos filhos”.

Ao jornal, o profissional citou – o artigo 3º da Constituição Federal, cujo imperativo é o “bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Além disso, mencionou a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (AD) nº 26 e o Mandado de Injunção nº 4733, por meio dos quais o Supremo Tribunal Federal (STF) equiparou a homofobia ao racismo, mencionado na Lei nº 7.716/89.

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