O perfil WDI Brasil, que pretende consagrar a luta dos direitos das mulheres a partir do sexo, se pronunciou após ser acusado de transfobia. O perfil referiu-se a pré-candidata à Câmara dos Deputados pelo Distrito Federal, Paula Benett, como portadora de próstata. Paula é trans. “Preenchendo as cotas das mulheres com portadores de próstata. Inclusão pra c4r4lh*!”, disse o perfil.
Benett também contrapôs a declaração. Ela disse que o seu intento não é ocupar de má-fé o espaço logrado pelas mulheres, mas, por expressar o gênero feminino, entende como segregação ficar no polo oposto ao das mulheres.
“Com todo respeito, nenhuma trans quer tomar lugar de uma cis, somos identidades femininas que sofremos por estarmos no gênero feminino que vai além de sexo e genitália, acho errado segregar. Você só está reproduzindo o preconceito e o que sempre ocorreu contra as mulheres e o gênero feminino”, afirmou a pré-candidata.
“Na política, não se preocupe, homens trans irão disputar nas vagas de gênero masculino e mulheres transexuais e travestis nas vagas de gênero feminino, ou seja não há prejuízo, e outra: quando falamos de gênero feminino temos que entender que é diverso com várias identidades e especificidades“, completou.
Ao UOL, o perfil WDI se pronunciou. “Os direitos de meninas e mulheres são baseados no sexo e eles são incompatíveis com o apagamento legal do mesmo. Se não podemos definir o que são meninas e mulheres, não podemos protegê-las; se qualquer um pode reivindicar-se mulher, então os direitos específicos pelos quais lutamos ao longo dos séculos, inclusive pagando com a morte, não existem mais; foram transformados em direitos de todos. Os espaços separados por sexo tornam-se unissex, as cotas na política se tornam unissex, a palavra mulher se torna unissex. Nada mais é nosso. A troca do critério objetivo do sexo por ‘gênero’ e ‘identidade de gênero’ nos prejudicou. Fomos redefinidas sem que quiséssemos e sem nem mesmo que tivéssemos direito a voz. Na verdade, nossas vozes foram e são apagadas continuamente, inclusive pela mídia”, disse.
“Entendemos que termos como ‘transfobia’, ‘preconceito’ e ‘discurso de ódio’ estão funcionando como uma tática de silenciamento para que a sociedade não reflita sobre o impacto das políticas de ‘identidade de gênero’, sobre o que muda quando ressignificamos o que são homens e mulheres”, arrematou.
Para entender um pouco mais essas divergências – 8M: Lésbicas radicais, bi e trans ressaltam as suas demandas no 8 de março