O movimento feminista nasceu no século XVIII. Ou seja, não é uma invenção moderna. Ele já estava lá, na revolução francesa. Começa com uma pergunta: se todos os seres humanos são iguais, por que mulheres não têm direito ao voto e à educação? Por que os direitos humanos são, antes de tudo, direitos de homens?
O pensamento foi evoluindo. Outras preocupações foram acrescentadas: proteção à gestante, igualdade de condições de trabalho, salários iguais para as mesmas funções.
Posteriormente surgiu o feminismo radical. Ele caminha dentro de um pensamento alternativo. De onde surge a situação de inferioridade social, política, trabalhista e afetiva da mulher? De uma organização social onde os homens têm tudo. A liderança política, a autoridade moral e religiosa, o controle das propriedades. Esta forma de organização é chamada de patriarcado. Nela os homens têm maior valor / privilégio social.
A consequência lógica: a igualdade de direitos somente será alcançada com a substituição desta organização social por outra. Pela sua negação em todas as suas esferas. E isto passa também por uma revolução. O conhecimento do próprio corpo, a capacidade por si mesma de cuidar dele, de ser a única dona do seu destino, a única beneficiada pelo seu trabalho.
Você, mulher, é bem vinda a esta luta! Todas juntas! Mas só se você for cisgênera…
Só se desde o seu nascimento você foi considerada como do gênero feminino. Não por você mesma, mas pelas pessoas a sua volta. Não pela sua autopercepção, mas exclusivamente pela sua perfeita genitália, determinada pela presença dos ovários.
Há um grupo, denominado “Radfem“. Defende a ideologia de que gênero é biologicamente determinado. Ou seja, naturalmente pessoas com testículos terão uma determinada genitália e serão, naturalmente e sem chance para a autodeterminação, do gênero masculino. E, na mesma lógica, pessoas com ovários terão uma determinada genitália e serão, naturalmente e sem chance para a autodeterminação, do gênero feminino. Para este grupo, as pessoas transfemininas (originalmente alocadas pela sociedade no gênero masculino) não são verdadeiras mulheres.
O que o movimento Radfem parece não compreender é a ideologia no qual ele se alicerça. Seu chão são os padrões (esteriótipos) do feminino ditados pelo odiado patriarcado. Não é o gênero feminino que se autodefine – é o masculino que o faz!
A sua lógica empurra as pessoas transvestegêneres, bináries ou não-bináries, agêneres ou de gênero fluido, para o campo da doença. Para a negação da autoafirmação de gênero. Esta lógica é nutrida por uma ideologia sem base empírica (ou seja, sem base científica). Gênero é uma consequência biológica, sem nenhuma participação psicológica, inconsciente, cultural ou temporal.
Feministas radicais abraçadas com machistas pela anulação da existência milenar das pessoas trans… Alianças impossíveis acontecem…
para saber mais:
Feminismo radical – pensamento e movimento
O Radfem e o seu papel de exclusão das mulheres trans dentro do feminismo contemporâneo