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Bom saber

Uma mentira chamada ideologia de gênero

ideologia de gênero é um termo cunhado em ambiente religioso que rapidamente alcançou outros, com o objetivo de invalidar a existência de pessoas LGBTQIA+ e a busca de igualdade de direitos entre todos os gêneros

Publicado em 03/04/2022

Ideologia de gênero é uma expressão famosa nos dias de hoje. Parece que nasceu de uma fala do futuro papa Bento XVI, durante um discurso contra o feminismo e direitos reprodutivos, em 1997. Rapidamente foi incorporada ao vocabulário de todas as pessoas com os mesmos pontos de vista. Rapidamente foi apropriada pelas pessoas políticas conservadoras em relação aos costumes.

Na produção acadêmica não há estudos que expliquem seu significado em diferentes sociedades, ou dados que permitam dar-lhe base científica. A ideia em sua raiz parece ser a de que direitos reprodutivos, igualdade entre gêneros, a realidade de pessoas não cisgêneras e não heteroafetivas sejam frutos de um conjunto de afirmativas teóricas inventadas em escritórios.

A intenção da mesma parece ser impedir a legitimação da existência de pessoas transvestegêneras, dentro de uma lógica simplista. Gênero e orientação sexual seriam fenômenos singelos, determinados exclusivamente pela biologia, estando ausentes quaisquer outros fatores… Qualquer ideia em contrário seria falaciosa…

A expressão é uma das formas explícitas para se impedir um olhar abrangente sobre a condição humana. Teólogos de visão limitada (estou descrevendo, não adjetivando) pontificam que esta é a única mensagem bíblica, esquecendo (propositalmente? Formação intelectual limitada? Medo?) que toda e qualquer interpretação, incluindo a bíblia, é determinada, condicionada, impulsionada por conceitos e pré conceitos que a antecedem…nenhuma é perfeita e completamente abrangente.

O existir enquanto pessoa, enquanto ser humano, possui dimensões psicológicas, antropológicas, biológicas, históricas, políticas, da linguagem, do direito e da saúde – esqueci alguma disciplina?

A experiência multiprofissional organizada, ou seja, com dados coletados, analisados e interpretados mostra que:

  • pessoas LGBTQIA+ (incluindo as transvestegêneres) existem há milênios
  • pessoas LGBTQIA+ (incluindo as transvestegêneres) existem em quase (?) todas as culturas
  • o percentual desta população soma milhões de pessoas (e para o discurso de que são raridades, a resposta é que o simples fato de existir quando a teoria diz que não deveria colocar em xeque a teoria*)
  • a presença de testículos ou ovários não determina, em 100% dos casos, o gênero das pessoas (como mostra as pessoas do chamado “intersexo”, ou, usando expressão correta, com diferentes diferenciações sexuais)
  • níveis de hormônios dos testículos (testosterona) ou dos ovários (estrógenos) não condicionam percepção de gênero ou orientação afetiva e sexual
  • diferentes sociedades possuem diferentes padrões de comportamento atribuído aos gêneros

Autores pontuam, e concordo com eles, que “o uso da expressão ideologia de gênero é uma violência discursiva na medida em que deslegitima os estudos científicos sobre identidade de gênero e orientação afetivo-sexual das últimas décadas, tratando-os como um conjunto de ideias infundadas, além de estigmatizá-los como nefastos e ‘destruidores da família’ “.**

É violência porque esta expressão não se restringem ao discurso, pois tem consequências comportamentais, religiosas, na qualidade de vida, na saúde individual, na saúde coletiva.

E, não pode ser esquecido, é uma grande mentira – e, segundo Jesus, o diabo é o pai da mentira (consequentemente, dos mentirosos).

* interessados neste ponto podem ler “Filosofia da Ciência: introdução ao jogo e suas regras”, de Rubem Alves

** “Saúde LGBTQIA+: Práticas de cuidado interdisciplinar”, de Saulo Vito Ciasca, Andrea Hercowitz e Ademir Lopes Júnior

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