Até estimativamente o século XVII na Europa o corpo da mulher era lido e compreendido como um corpo e constructo do homem menos perfeito, atrofiado e pechoso. Ovários foram aprioristicamente chamados de “testículos femininos”, uma espécie de pênis pra dentro, como se o órgão sexual não tivesse o seu desenvolvimento pleno.
Mas em um tempo mais remoto não era assim. artefatos nos primórdios sugerem que a vagina era vista como sagrada. Há símbolos da vagina entalhados em paredes de cavernas nos primeiros povoamentos da história, conforme informações arquivísticas do livro complexo e denso de Naomi Wolf.
Estatuetas de terracota da Europa Central, que provavelmente representavam a fertilidade. A sexualidade feminina e a fertilidade eram vistas como sagradas. De 25000 a 15000 a.C., as estatuetas de Vênus – imagens de fertilidade com vulvas pronunciadas – feitas de pedra ou marfim eram abundantes na Europa, e imagens similares feitas à mão com lama do Nilo eram comuns no Egito.
As mulheres adoradoras dedicavam a Inanna vasos que simbolizavam o útero. Um texto sagrado desse período observa: Uma vez que a sagrada Inanna houvesse se lavado era aspergida com óleo de cedro. O rei, então, orgulhosamente se aproximava de seu colo sagrado. Ele orgulhosamente se juntava com o glorioso triângulo de Inanna. E Tamuz, o noivo, se deitava com ela apertando suavemente seus lindos seios!
A “vagina maravilhosa” de Inanna está relacionada com a busca pela sabedoria.
Sexo entre mulheres
De acordo com tratado Hipocrático, o corpo da mulher era inacessível aos médicos. Desse modo, tudo o que se sabia, eram apenas confissões de parteiras e pessoas que tivessem acesso a esse universo íntimo e intocável.
Dito isso, era muito mais difícil qualificarem os atos femininos como ‘sodomíticos’, tendo em vista que era impensado acreditar que duas mulheres fizessem sexo e gozassem de prazer.
Sóror Juana Inés de la Cruz nasceu em 1651 na cidade de San Miguel de Nepantla (Nova Espanha, atual México). Em meados do século XVII na Nova Espanha, as mulheres não podiam ir para a universidade. E, para romper esta barreira, Juana passou a se vestir como homem com o intento de frequentar a escola.
Com a necessidade premente de solidão e introspecção, Juana se mudou para o convento, um espaço solitário para dedicar-se aos estudos e a vida casta. Imperiosa, questionou nomes importantes e causou a fúria da igreja. Contrapôs Antonio Vieira com sua Carta Atenagórica.
Aos 15 anos, foi enviada para a Corte da Cidade do México para servir de dama de companhia a Leonor de Carreto, a marquesa de Mancera, vice-rainha da Espanha. É provável que tenha ocorrido um caso de amor entre ambas, visto que Juana chama a vice-rainha de Laura em seus poemas de amor.
La cruz era boa filosofia, poesia e estudava astronomia. Uma mulher à frente de seu tempo. Dedicou-se a cuidar das freiras do convento e morreu aos 43 anos, em 1694.