Não há evidências científicas, até o momento, de que ser pessoa transvestegênere aumente as chances de cânceres. Mas há outras questões que precisam ser analisadas e enfrentadas.
O Estudo
Uma equipe de 13 cientistas da Itália e EUA fez a seguinte pergunta. Como as pessoas trans que estão com câncer são tratadas? Utilizou a estratégia de busca de artigos científicos publicados e registrados nas principais plataformas mundias. São elas: Pubmed, biblioteca Cochrane e Embase. Procurou sobre os principais cânceres relacionados, as medidas preventivas, barreiras ao acesso a serviços de saúde e o conhecimento das equipes de saúde sobre particularidades da saúde de pessoas trans.
Observou que as pessoas transgêneres têm um alto consumo de cigarro e álcool. É bem conhecido o fato do cigarro conter 4000 substâncias químicas. Quarenta são potencialmente produtoras de câncer. E as neoplasias possíveis não se resumem aos pulmões, mas atingem qualquer parte dos aparelhos respiratório, digestória, renal e reprodutivo.
Esta informação já está disponível em outras publicações, e é visível na prática profissional com pessoas LGBTQIAP+. Segundo uma delas, o uso de cigarros estava distribuído assim:
Homens em geral: 23,1% Gays: 26,5-30,9% Biafetivos: 29,5-38.1% Trans: 33%
Mulheres em geral: 18,3% Lésbicas: 22,3-26% Biafetivas: 30,9-39,1% Trans: 29%
Observe que as pessoas biafetivas (ou bissexuais) podem ter uma frequência maior que todas as outras no que diz respeito ao tabagismo. O estudo indicada que o uso de tabaco, álcool e outras drogas é diretamente ligado ao nível tensional que essas pessoas vivem no cotidiano.
A equipe encontrou uma alta taxa de contaminação por HPV (ligado ao câncer de útero) e por HIV (ligado a diversas neoplasias). Sem surpresas, encontrou também uma alta prevalência dos cânceres relacionados a estes dois vírus.
O Perigo
O ponto mais importante do estudo é a confirmação, novamente, de que pessoas transvestegêneres têm pouca aderência a programas de rastreio de tumores. Integram as razões para esta resistência fatores sociais (como preconceito) e econômicos (pobreza). O segundo ponto confirmado: profissionais de saúde nada sabem sobre saúde LGBTQIAP+, inclusive de pessoas trans. Se nada sabem, nada sabem procurar, nada sabem aconselhar, nada sabem…
A barreira novamente observada pela equipe é a discriminação dos centros de saúde, o desconforto patrocinado pelos serviços oncológicos, a falta de sensibilidade cultural.
Segundo este estudo, pessoas transvestegêneres não têm maior chance de tumores por fazerem uso de hormônios ou cirurgias. Têm uma maior chance de morrem mais que as outras pessoas por não conseguirem ser acompanhadas de forma eficaz e empática por equipes de saúde. Por descobrirem tumores em fases mais avançadas que as pessoas cisgêneres. Por não serem atendidas com humanidade…