São comprovados os inúmeros benefícios do orgasmo, entre eles a diminuição do estresse e a melhora do humor e da ansiedade. Porém, ele não está associado diretamente ao sexo e sim ao autoconhecimento. Afinal, o prazer não se resume apenas a penetração.
“O prazer também pode ser sentido através do estímulo nas zonas erógenas. Ao associar o prazer unicamente à penetração, perde-se a chance de conhecer, estimular e satisfazer o próprio corpo — e também o do parceiro. Se tocar e entender os pontos e formas que proporcionam a excitação é importantíssimo”, explica Viviane Monteiro, ginecologista especializada em medicina fetal e gestação de alto risco, parto humanizado e saúde da mulher.
“Ainda existem muitos mitos relacionados ao prazer e eles acabam sendo repetidos em função do que é visto e muitas vezes aprendido através da pornografia e construído em uma sociedade machista. O clitóris, órgão fundamental para o prazer feminino, pode acabar sendo coadjuvante. Desta maneira, cria-se a cultura de que o sexo se resume apenas a penetração, ocasionando o que as pesquisas vêm mostrando: muitas mulheres nunca sentiram um orgasmo”. A médica Viviane Monteiro completa afirmando que segundo pesquisas, apenas 30% das mulheres sentem orgasmos durante a penetração. “Porém, o número sobe para 72% quando se masturbam”.
A ginecologista também conta que, além da pornografia, a história construiu a narrativa de que o clitóris não merecia atenção. O médico Andreas Vesalius, no século XVI, afirmou que mulheres saudáveis não possuíam o órgão. Já em 1486, o guia “Malleus Maleficarum” dizia que quem possuía clitóris deveria ser “caçada”, pois era considerada uma bruxa. E tem mais: pacientes diagnosticadas com “histeria” em 1800 tinham seus clitóris removidos. Freud, em 1905, acreditava que o prazer clitoriano era obtido através de uma sexualidade imatura.