Saúde

Casal homoafetivo: Mitos e verdades sobre a medicina reprodutiva

Desde 2013, conforme as regras do CFM (Conselho Federal de Medicina), casais homoafetivos masculinos e femininos podem realizar a reprodução assistida

Reprodução humana assistida para casais homoafetivos
Reprodução humana assistida para casais homoafetivos

O que não passa de uma crença popular, como achar que ficar deitada ajuda as chances de engravidar, e o que é verdade na medicina reprodutiva? Ainda há muita desinformação das pessoas sobre essa área, seja por nunca ter pesquisado a respeito, fake news ou até mesmo uma questão cultural.

“Há muito tempo sendo profissional na área como médico e professor, já me deparei com perguntas de todo o tipo, muitas que fazem sentido e tem uma explicação, e outras que simplesmente são mitos, que as pessoas costumam acreditar, por não terem um fundamento científico. É importante saber o que é verdade e o que não passa de um mito”, comentou o Dr. Renato Fraietta, especialista em Reprodução Humana na CPMR – Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva e coordenador do Setor Integrado de Reprodução Humana da Universidade Federal de São Paulo.

Por isso, conheça abaixo alguns mitos e verdades da área:

  1. Óvulos congelados não mantêm a mesma qualidade: MITO

Os óvulos são congelados em nitrogênio líquido, em uma temperatura de -196°C, fazendo com que os óvulos mantenham, a princípio, a mesma qualidade e características de quando foi feito o processo de congelamento.

  1. Maus hábitos podem prejudicar a fertilidade: VERDADE

“Maus hábitos trazem malefícios em todos os quesitos da nossa vida, na fertilidade não seria diferente. Bebidas alcoólicas, cigarro, obesidade e sedentarismo podem prejudicar consideravelmente a fertilidade do homem e da mulher”, comentou Fraietta. “A gordura, por exemplo, pode alterar a produção dos espermatozoides, assim como o estresse pode diminuir a qualidade deles”, completou.

  1. Sorodiferentes podem ser pais: VERDADE

Se um indivíduo do casal for portador detectável de vírus HIV, existe a possibilidade da contaminação da parceira e do filho durante a gestação e parto. No entanto, é possível realizar o procedimento de forma segura, primeiramente há a necessidade de ficar com a carga viral indetectável, afinal, o indetectável não transmite. “Se a mulher for soropositiva, realizamos a inseminação intrauterina ou FIV, conforme o diagnóstico da mesma. Quando o homem é soropositivo, a técnica que oferece o menor risco de transmissão é a FIV com injeção intracitoplasmática de gametas, após dupla lavagem de sêmen”, explicou Fraietta.

  1. Ficar deitada ajuda as chances de engravidar: MITO

“Já me perguntaram diversas vezes se ficar deitada após um procedimento ou coito aumenta as chances da mulher engravidar. Isso é um mito, não há nenhum estudo que comprove isso, assim como, ficar com as pernas para cima”, explicou Fraietta.

  1. A criança concebida por técnicas de reprodução assistida tem a saúde frágil: MITO

Pelo contrário, a saúde é a mesma das crianças geradas de forma natural. Devemos lembrar que a diferença entre o processo da fertilização in vitro e da fertilização comum, ocorre apenas na fecundação, todo o restante da gestação é praticamente igual.

  1. Casais homoafetivos podem ter filhos: VERDADE

Desde 2013, conforme as regras do CFM (Conselho Federal de Medicina), casais homoafetivos masculinos e femininos podem realizar a reprodução assistida para gerar um filho biológico. “A técnica utilizada para os casais homoafetivos são as mesmas usadas para quem deseja a paternidade ou maternidade solo. Para o casal masculino é necessário uma doadora de óvulos e uma cedente temporária de útero e para os casais de mulheres, um doador de espermatozoides”, explicou Fraietta.

  1. Procedimentos de reprodução assistida não podem ser realizados por quem tem o desejo de ser mãe ou pai solo: MITO

Diferente do que pensam, a maternidade e paternidade solo são realidades. No caso do homem, além de precisar de uma doadora de óvulos, também é necessário contar com uma parente consanguínea de até 4° grau para fazer a cessão temporária de útero. Já as mulheres podem fazer o procedimento por meio da FIV ou IIU, ambos necessitando de um sêmen de doador.