Seis meses depois de ser lançada, o Ministério da Saúde resolveu tirar do ar uma cartilha que tinha conteúdo voltado aos homens trans. O material foi desenvolvido pelo órgão, em parceria com organizações não-governamentais.
O conteúdo envolvia dicas de prevenção a doenças sexualmente transmissíveis, controle de natalidade, especificidades acerca do órgão sexual. Além disso, exibia informações sobre garantias dessa população no Sistema Único de Saúde (SUS). Esse último pode ser exemplificado com o direito que pessoas trans têm de serem chamadas pelo nome social em qualquer unidade pública de saúde no país.
A retirada de circulação, que aconteceu um dia após a posse do presidente Jair Bolsonaro, foi justificada pela necessidade de fazer correções no material. De acordo com o Metrópoles, em uma das páginas, a cartilha exibe um esquema do órgão sexual feminino. Na demonstração, há um desenho de uma espécie de seringa invertida, chamada de pump. Esse material é utilizado para o aumento do clitóris.
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O Ministério da Saúde explicou que esse esquema deveria ser acompanhado de esclarecimentos. No entanto, não justificou o porquê da eventual ‘falha’ ter sido vista apenas após seis meses do lançamento do material. Assim como não informou se a cartilha voltará ao site.
O pump
O uso do pump tem algumas contraversões. Por exemplo, a justificativa dada por técnicos do ministério de que pode aumentar o risco de traumas, lesões e infecções no órgão sexual. Argumentam, ainda, que seu uso é feito para fins de prazer e, por isso, não é dever do ministério abordar o assunto.
Contudo, integrantes do órgão ligados à prevenção afirmam que a abordagem do uso é necessária. De acordo com eles, é importante o alerta de que as seringas sejam usadas somente com higienização adequada.
A diretora em exercício do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids de São Paulo, Rosa de Alencar Souza, comentou o assunto. Para ela, não deve haver nenhuma restrição referente à prática do pump.
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“A cartilha traz informações importantes para essa população. Não há nada ali que justifique a retirada de circulação”, declarou Rosa Souza. Ela informou, ainda, que a versão impressa do material já começou a ser distribuída pelo Centro de Referência.
Com tiragem de 23,5 mil exemplares, a cartilha foi impressa e distribuída para serviços que trabalham com a população trans no Brasil. O Ministério da Saúde ainda não decidiu se a versão física será tirada de circulação, ou se será encaminhada uma errata.