Quando o que está em jogo é negar qualquer possibilidade de um amor gay na Bíblia, vale tudo para os conservadores. Vale, até mesmo, ensinar que o amor que Jônatas sentiu por Davi era o amor “ágape” ou “agapè”.
Porém, há fundamento para a tese de que o sentimento de Jônatas era o amor ágape?
Para solucionar essa questão é preciso recorrer ao contexto linguístico, pesquisando sobre os originais das palavras traduzidas como “amor”.
Quando I Samuel 18:1 descreve o sentimento de Jônatas diz que “a alma de Jônatas se ligou com a alma de Davi; e Jônatas o amor como à sua própria alma”.
Essa palavra “amou” é do hebraico “ahabh”, que significa ter afeto (em termos sexuais ou de outra maneira) – adorar, amado, adorável, amante, gostar, amigo. É a mesma palavra para descrever o amor de Jacó por Raquel em Gênesis 29:18.
Inclusive, se formos olhar a tradução no grego antigo, tanto a passagem de Gênesis 29:18, que descreve o amor de Jacó por Raquel, quanto a passagem de I Samuel 18:1, que descreve o amor de Jônatas por Davi, utilizam a mesma palavra grega, cujo significado é “o amor da razão, estima, podendo ser usado em sentido social ou moral”.
Por outro lado, o amor “agapè” é o descrito em I Coríntios 13 ou na I Carta de João 4:7, que significa “afeição ou benevolência, boa-vontade ou caridade”. Ou seja, o amor ágape é aquele sem segundas ou terceiras intenções, mas que Deus coloca no nosso coração sem muitas vezes entendermos. É um amor puro e fraterno, sem espaço para qualquer conotação sexual como existe no significado de “ahabh”.
Logo, se alguém anda pregando que o amor de Jônatas por Davi era um amor ágape, essa pessoa está precisando pesquisar o significado das palavras no original.
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