A Páscoa cristã possui sua origem na páscoa judaica, instituída por ocasião da saída do povo de Israel da terra do Egito. A descrição se encontra no Livro do Êxodo 12. Naquele momento Deus fala para o povo estar pronto para a sua saída. Deveriam assar um cordeiro ou um cabrito sem mácula, um macho, comendo-o e passando do seu sangue sobre as ombreiras e vergas da porta. O sangue era o sinal da aliança de Deus para com os hebreus. Naquela noite Deus disse que passaria na terra do Egito e feriria todo primogênito egípcio, desde os homens até os animais.
A páscoa judaica passou a ser celebrada como lembrança da libertação do povo de Israel. Aquele ato simbolizava a passagem para uma nova vida. A mesma simbologia tem a páscoa cristã.
Antes de sua crucificação, Jesus celebrou a páscoa com os seus discípulos, conforme relatado nos evangelhos (Mateus 26; Marcos 14; Lucas 22; João 13). Naquele ato não havia mais o animal cordeiro, já que o próprio Cristo seria crucificado em sacrifício perfeito pelas nossas vidas. João Batista bem disse que Jesus era o Cordeiro de Deus.
Sentado à mesa com os doze, Jesus parte o pão e diz: “tomai, comei, isto é o meu corpo. E, tomando o cálice e dando graças deu-lhes, dizendo: Bebei dele todos, porque isto é o meu sangue, o sangue da Nova Aliança, que é derramado por muitos para a remissão dos pecados”.
Jesus introduzia uma Nova Páscoa, de uma Nova Aliança, fazendo menção à sua morte e ressurreição.
Tanto a páscoa judaica, quanto a cristã foram instituídas por Deus. A Nova Aliança veio com Jesus em decorrência de não ter sido suficiente para a salvação do homem o sacrifício de animais. Inclusive, Jesus contou uma parábola explicitando sua vinda, relatado no Evangelho Segundo Mateus 21:33:
“Ouvi, ainda, outra parábola: Houve um homem, pai de família, que plantou uma vinha, e circundou-a de um valado, e construiu nela um lagar, e edificou uma torre, e arrendou-a a uns lavradores, e ausentou-se para longe.
E, chegando o tempo dos frutos, enviou os seus servos aos lavradores, para receber os seus frutos.
E os lavradores, apoderando-se dos servos, feriram um, mataram outro, e apedrejaram outro.
Depois enviou outros servos, em maior número do que os primeiros; e eles fizeram-lhes o mesmo.
E, por último, enviou-lhes seu filho, dizendo: Terão respeito a meu filho.
Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e apoderemo-nos da sua herança.
E, lançando mão dele, o arrastaram para fora da vinha, e o mataram.
Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?
Dizem-lhe eles: Dará afrontosa morte aos maus, e arrendará a vinha a outros lavradores, que a seu tempo lhe dêem os frutos.
Diz-lhes Jesus: nunca lestes nas Escrituras? A pedra, que os edificadores rejeitaram, essa foi posta por cabeça do ângulo; pelo Senhor foi feito isto, e é maravilhoso aos nossos olhos?
Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos.”
Pois é. Primeiro veio o sacrifício do animal cordeiro e os profetas. Não adiantou. Deus, então, envia Jesus, seu único filho para ser sacrificado por todos. O sumo sacrifício. Assim como o sangue do cordeiro teve que ser colocado nas ombreiras e verga das portas dos israelitas, como sinal de aliança com Deus, o sangue de Jesus passaria a ser o sinal dos cristãos.
Após a ressurreição de Cristo, dá-se início ao cristianismo. Alguns rituais são adicionados pela igreja católica, sendo um deles a abstinência de comer carne vermelha ou de frango e a indicação do peixe.
Segundo relato histórico, na Idade Média o papa Nicolau I havia instituído que toda sexta-feira os cristãos não deveriam comer carne vermelha. Além disso, foi instituído que deveria ser feito um jejum durante os 40 dias que antecedessem a Páscoa, período denominado quaresma.
As práticas foram perdendo força com os anos. Hoje, apenas alguns cristãos fazem algum tipo de jejum na quaresma. Porém, a igreja resolveu aplicar a determinação do papa Nicolau I, sugerindo a abstinência de carne vermelha e de frango na sexta da paixão.
Em relação à carne vermelha, a sugestão é feita por causa do sacrifício de Jesus, como um respeito pela sua morte e sangue derramado. Para a abstinência do frango, não há uma explicação plausível, mas quanto à indicação do peixe, diz-se que além de ser um tipo de carne de mais fácil consumo na época, a sua morte causava o derramamento de menos sangue do que os animais de carne vermelha ou aves. Enfim. É como se explica.
O fato é que, decorridos mais de 2000 anos, o que vemos hoje?
Eu diria que vemos um cristianismo cada vez mais distante de Cristo. Rituais que muitos nem sabem o porquê realizam. Vemos uma liderança cristã que faz uso da Bíblia conforme suas próprias concepções e concupiscências. Vemos um cristianismo que esqueceu o amor e abraçou o poder.
Quando observo o ministério de Cristo, todo o seu ensino e no que o cristianismo se tornou, eu pergunto: quem será que está ressuscitando hoje no seio da cristandade? Será que é Cristo?
Penso que se fosse Cristo, o cristianismo ao menos refletiria os seus ensinos e obras.
Cristo ressuscitou e vive. Mas vive onde?
Que páscoa cristã é essa, se está difícil de ver Cristo?
Eu só consigo enxergar um Cristo que deu lugar para a ganância e o desejo desenfreado pelo poder.
Reflitamos!