Qual é o problema se uma pessoa transvestegênere decidir que não é mais trans? Publicação recente levanta a questão a respeito de filhe de Angelina Jolie. Segundo o texto, no passado a atriz teria informado em entrevista que Shiloh “gosta de ser vestir como menino, ela quer ser menino, então tivemos que cortar seu cabelo. Ela pensa que é como um de seus irmãos”. Boatos de uso de hormônios e cirurgia nunca foram confirmados.
Ou seja, a questão é se Shiloh teria desistido de transcionar, se estaria apenas “experimentando”.
Mas o que é destransicionar? A melhor resposta é responder a pergunta “o que é transcionar”?
Gênero, masculino e feminino, é uma convenção social. Quem discorda, que apresente dados empíricos para embasar a discordância. Genitália é um fato anatômico. A ditada pela presença de testículos é bem diferente da ditada pela presença de ovários. O valor que se dá a esta anatomia é uma construção de cada sociedade. O comportamento esperado de quem tem genitália testicular e de quem tem genitália ovariana é fruto de um acordo coletivo.
A visão social predominante é que pessoas com testículos são nominadas masculinas e aquelas com ovários são nominadas femininas. O universo de uma é diferente da outra – alguma dúvida nisto? A ideia consequente, majoritária, é que obrigatoriamente sejam sinônimos testículos – pênis – homem – masculino e ovários – vagina – mulher – feminino.
Esta forma é conhecida tecnicamente como “cisgeneridade”, “cisnormatividade”.
Transicionar pode ser compreendido como a migração de um universo para outro, do masculino para o feminino, do feminino para o masculino. Ou para outros: não binárie, gênero fluido, agênero. Estes últimos são desconhecidos pela maioria das pessoas, ignorados por uma grande parte da academia, sabotados pela transfobia institucionalizada.
Destransicionar é o movimento inverso, o retorno ao gênero no qual a pessoa foi primeiramente alocado, baseado na construção de que gônadas (testículos, ovários) determinam quem gosta de azul e quem gosta de rosa.