Direito a Deus

A passagem do Livro de Apocalipse 11:8 condena os homossexuais?

“E jazerão os seus corpos mortos na praça da grande cidade que espiritualmente se chama Sodoma e Egito, onde o nosso Senhor também foi crucificado.”

Foto: Arte Canva
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A passagem de Apocalipse traz a seguinte descrição no capítulo 11:8

“E jazerão os seus corpos mortos na praça da grande cidade que espiritualmente se chama Sodoma e Egito, onde o nosso Senhor também foi crucificado.”

O livro de apocalipse fala da glória de Cristo e eventos futuros, além de trazer algumas cartas citadas especificamente nos capítulos 2 e 3. Conforma explica a Bíblia de Estudo Palavra-Chave da CPAD, os teólogos apontam quatro abordagens possível para interpretação de Apocalipse.

A primeira é pretérita, que interpreta os eventos e as visões como pertencentes ao passado, particularmente ao Império Romano do Século I d.C. Os que defendem esta abordagem explicam a natureza altamente simbólica do livro, como o esforço de João para ocultar do povo em geral o significado real do que ele estava escrevendo, tornando-o relativo para os crentes que viviam na época.

A segunda abordagem é a histórico-futura, que afirma que o livro de Apocalipse é uma visão panorâmica da história, desde o século I d.C até a segunda vinda de Cristo.

A terceira abordagem é a simbólica (alegórica), que defende que o livro de Apocalipse retrata o contínuo conflito entre as forças do bem e do mal ao longo de toda a história humana.

A quarta abordagem é a visão futurista, a qual afirma que do capítulo 4 até o fim, o livro de Apocalipse trata de eventos do fim dos tempos.

Nesse contexto da quarta abordagem, muitos pregam que Apocalipse cita condenação a homossexualidade, uma vez que fala de Sodoma.

Com efeito, Sodoma foi uma cidade cujo pecado era tão grande aos olhos de Deus que é citada em vários textos bíblicos como exemplo daquilo que não se deve fazer. Apesar disso, não pode ser considerada como exemplo de ‘pecado-mor’, tendo em vista que o próprio Jesus fala que há outros pecados maiores, a exemplo da passagem descrita no Evangelho Segundo Lucas 10:12, quando Cristo afirma que as cidades que não fossem receptivas com os discípulos teriam juízo pior que o de Sodoma.

No entanto, Sodoma não é sinônimo de Homossexualidade. Ela pode ser sinônimo de um abuso sexual homossexual, mas não diz respeito à homossexualidade enquanto orientação sexual, vivida em relações homossexuais consensuais. Do mesmo modo que não se pode comparar um abuso sexual coletivo heterossexual a relacionamentos heterossexuais consensuais.

Conforme já dito em outros posts, o pecado que levou à destruição da cidade de Sodoma foi a maldade dos moradores com as pessoas, violando a lei da hospitalidade. O sexo ali que os sodomitas queriam praticar não era a finalidade em si, mas um meio para se alcançar o real objetivo: humilhar, subjugar e dominar os estrangeiros.

O leitor pode me questionar se ainda é tão necessário assim abordar a temática de Sodoma. Eu respondo que diante de livros como o lançado recentemente “Bíblia e as Práticas Homossexuais”, de Robert Gagnon, no qual ele aborda a temática de Sodoma dizendo que o grande pecado foi a forma específica do sexo homossexual, percebo que é um tema que ainda necessita ser abordado. Ainda há muitos líderes religiosos defendendo que Sodoma é sinônimo de homossexualidade.

Se os conservadores ainda escrevem livros defendendo essa tese, imaginem o que não dizem dos púlpitos e nas reuniões privadas.

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