Clemente foi o quarto bispo da cidade de Roma (88-99 d.C), tendo sido um dos primeiros papas da Cristandade, Papa Clemente I. Viveu, portanto, no período da Igreja do primeiro século, sendo contemporâneo dos apóstolos Pedro e Paulo. Acredita-se que ele morreu no ano de 101 d.C, após ter sido preso pelo imperado Trajano (98-117 d.C).
O apóstolo Paulo cita Clemente na Carta aos Filipenses 4:3: “E peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida”.
A Bíblia do Peregrino traz a seguinte nota acerca desse trecho: “Já Orígenes identificou esse Clemente com o quarto papa, autor de uma famosíssima carta enviada aos coríntios”.
Eusébio de Cesaréia (viveu entre os séculos III e IV d.C), na obra A História Eclesiástica, faz o seguinte relato acerca da Carta de Clemente de Roma aos Coríntios:
“No décimo segundo ano do mesmo império, Anacleto, que foi bispo da Igreja de Roma durante doze anos, foi substituído por Clemente, que o Apóstolo, na carta aos Filipenses, informa ter sido seu colaborador, nesses termos: ‘Em companhia de Clemente e dos demais auxiliadores meus, cujos nomes estão no livro da vida’ (Fl 4,3). Com efeito, deste último existe uma carta tida por autêntica, significativa e admirável. Ele a redigiu, da parte da Igreja de Roma para a Igreja de Corinto, em consequência de uma divisão que sucedera em Corinto.” (Terceiro Livro, Capítulos 15 e 16)
Segundo Eusébio, a Carta de Clemente aos Coríntios era bastante lida nas igrejas da época:
“Sabemos que em grande número de Igrejas lia-se outrora esta carta, e ainda hoje é lida. Hegesipo é fidedigna testemunha de que sob o mesmo imperador houve perturbação em Corinto, causada por sedição”.
A Carta de Clemente e a I Carta de Paulo aos Coríntios possuem um teor muito parecido. Eles exortam os irmãos a retornarem aos ensinos deixados por Cristo. Clemente cita que os irmãos da Igreja de Coríntios eram conhecidos por serem autênticos, incorruptos, com uma fé extraordinária e firme e uma hospitalidade generosa:
“2 – Ora, quem é que esteve entre vós e não elogiou vossa fé extraordinária e firme? Quem não admirou vossa piedade consciente e suave em Cristo? Quem não louvou a tradição da vossa hospitalidade generosa? Ou quem não vos felicitou por vossa doutrina perfeita e segura?” (Capítulo I)
Nos capítulos seguintes, Clemente passa a citar os que no passado pecaram, mas também cita os apóstolos Pedro e Paulo, suas lutas, provações, testemunhos, paciência, assim como passa a discorrer sobre Noé, Enoque e Abraão, até chegar na passagem na qual ele cita que a causa de Ló não ter sido destruído com os demais moradores de Sodoma, foi a sua hospitalidade:
“CAPÍTULO XI 1 –
Por causa da hospitalidade e piedade, Lot salvou-se de Sodoma, quando a terra em redor foi castigada com fogo e enxofre. Desta forma, Deus deixou claro que não abandona aqueles que esperam nele, mas que entrega os ímpios ao castigo e ao suplício.”
Quanto à Hospitalidade, Clemente ainda fala de sua importância na vida de Abraão e de Raabe:
“CAPÍTULO X
6 – E ainda diz: “Conduziu Deus a Abraão para fora e lhe falou: ‘Levanta os olhos para o céu e conta os astros, se é que consegues contá-los. Assim será a tua descendência’. Abraão acreditou em Deus e isso lhe foi imputado como justificação”. 7 – Por causa da fé e da hospitalidade, foi-lhe dado um filho na velhice e, por obediência, ele o ofereceu como sacrifício a Deus sobre um dos montes que Ele lhe mostrou.
CAPÍTULO XII 1 – Por causa da fé e hospitalidade, Raabe, a prostituta, se salvou. 2 – Pois quando Jesus, filho de Navé, mandou espiões para Jericó, o rei daquela nação ficou sabendo que haviam chegado homens para explorar a terra; então mandou homens para os prenderem e, depois de presos, matarem-nos. 3 – Raabe, a hospitaleira, recebeu-os e os ocultou sob a palha do linho no andar superior.”
A Carta de Clemente é mais uma demonstração de que o pecado dos sodomitas nada tem a ver com a homossexualidade, mas com a violação da lei da hospitalidade ao desejarem realizar um abuso sexual coletivo contra dois visitantes.
A hospitalidade era uma determinação tão importante que Jesus fala que se Sodoma tivesse sido hospitaleira, ela teria permanecido. Nessa passagem Jesus repreende Cafarnaum, pois ele havia sido expulso de lá:
“E, tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje”. (Evangelho Segundo Mateus 11:23)
A passagem que relata Jesus sendo expulso está descrita no Evangelho Segundo Mateus 8:34.
Em outras palavras, Jesus estava dizendo o seguinte: se em Sodoma tivessem sido feitos os sinais que se fizeram em Cafarnaum, os sodomitas teriam crido e praticado a hospitalidade e, em decorrência disso, não teriam sido destruídos.
É essa comparação que Jesus faz. Ou seja, mais uma demonstração de que Sodoma não possui qualquer vínculo com as relações homossexuais consensuais vividas por lésbicas, gays, bissexuais ou pansexuais.
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