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Destransicionar não é mudar de ideia

Transicionar e destrancionar é uma comprovação da construção social do gênero

Publicado em 07/04/2022

Angelina Jolie apresentou à consideração dos leitores as palavras transicionar e destrancionar, explicadas em texto anterior. A pergunta que surge: é simples assim? Como acender e apagar uma lâmpada? Como trocar de camisa?

Pessoas transvestegêneras existem em todas as sociedades e não são um número desprezível. O incômodo que elas trazem para visões condicionadas pelas cisnormatividade, ou conservadoras, torna o fenômeno do destransicionar fato precioso. Afinal, “se pessoas que decidiram mudar de sexo mudam de ideia é porque ela estava errada desde o início”.

Importante esclarecer alguns pontos.

Pessoas trans não são pessoas que mudam de sexo. Pessoas trans mudam de gênero. Sexo e gênero são questões diferentes e artificialmente vinculadas.

Pessoas trans não escolhem ser trans. Este fato é um destino que lhes é imposto, e que a sociedade governada pela ideologia da cisgeneridade transforma em fardo.

O percentual de pessoas trans que destrancionam é difícil de ser verificado. A literatura médica aponta percentuais frequentemente abaixo de 1%. A minha experiência profissional (desde dezembro/2017) vai na mesma direção.

Qual o problema em destrancionar?

É um sofrimento pessoal para quem vive a experiência, graças ao empobrecimento da questão que o julgamento moral das pessoas que a cercam traz. Este pode se manifestar por frases como “bem que avisei”, “quem mandou contrariar a vontade de Deus?”, “bem-feito, foi mexer com o que não sabe!”. O sofrimento é ampliado de forma desnecessária por esta atitude desumana.

Destransicionar, de forma honesta, ou seja, sem pressões, é uma demonstração prática de como o conceito de gênero é uma construção social. Enquanto construto ela tem significado importante para cada pessoa, mas não é um conceito sobre si mesmo imutável.

Conservadores compreendem que o destransicionar comprova um erro cometido. Contudo, não analisam que quem transiciona o faz livremente, honestamente e com convicção do que faz. Não é uma farsa, um jogo, uma brincadeira. É sério. Não compreendem que quem honestamente destranciona o faz livremente, honestamente e com convicção do que faz. Não é uma farsa, um jogo, uma brincadeira. É sério.

Gênero é uma imposição social que encontramos ao nascer. Mas não é destino para, pelo menos, 2% da população brasileira. Transicionar e destransicionar é uma evidência empírica deste fato.

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