Daniel Contro, diretor de uma escola de Santo André, na Grande São Paulo, está sendo acusado de homofobia após reunião realizada com pais de alunos no dia 3. O vereador Ricardo Alvarez (PSOL), de Santo André, na Grande São Paulo, e o deputado federal Ivan Valente (PSOL) apresentaram ao Ministério Público do estado de São Paulo (MP-SP) uma representação criminal contra ele.
“Isso não será admitido como normal nesta escola. Já houve pais que saíram da escola recentemente chamando de quadrados, homofóbicos, preconceituosos, e que já deveríamos ter o banheiro neutro. Exceto por força de lei, não vai ter, não”, teria dito o diretor conforme alguns áudios documentados.
“[O diretor] passa a vincular a identidade de gênero a doenças e males que afetam a sociedade, incluindo, entre esses ‘males’, a existência de banheiro neutro”, diz trecho da representação, segundo o G1.
Contro também teria feito críticas à chamada “ideologia de gênero”.
Conforme uma reportagem do Diário, uma aluna afirma que foi ameaçada de advertência por inspetores, em maio, após andar de mãos dadas com a sua namorada no pátio do colégio.
Ainda, segundo o Diário, alguns pais concordam com o posicionamento do diretor. “Certamente a fala do professor foi equivocada e algumas pessoas citaram frases fora do contexto. Ele enfocou a importância de proteger nossas crianças de extremismos. A diversidade existe e isso é percebido por nós dentro da escola”.
O dono da escola Liceu Jardim falou sobre o conteúdo do áudio ao Diário. “Veja o caso da professora. Foi demitida por abandono de emprego. Perdeu o processo em todas as instâncias. Nosso regimento proíbe explicitamente o namoro, seja de (um indivíduo) hétero ou homoafetivo. Tratamento desigual pela cor da pele? Isso é crime inafiançável”, disse.
- “Ideologia de gênero”, que, segundo os seus críticos, induziria à destruição da família “tradicional” e “legalização de condutas inadequadas”. Fontes sinalizam que o termo “ideologia de gênero” surgiu primeiro em textos doutrinários da Igreja Católica em meados da década de 1990, com o intento de deturpar pautas pró-LGBT. Esta nomenclatura criou-se e se solidificou em ambientes religiosos, com evangélicos e católicos mais ortodoxos, isto é, objetos estritamente de fé e não de estudos embasados e investigativos. O Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo P. Scherer, em 2015, “Essa ideologia [de gênero] poderia abrir um caminho perigoso”, disse.