ESTUDO

Profissionais do sexo estão mais propícios à violência física e verbal, aponta estudo

Em 2022, pelo menos 54% dos assassinatos cometidos contra transexuais tiveram acompanhantes como vítimas

Profissionais do sexo
Profissionais do sexo (Foto: Reprodução)

Os profissionais do sexo enfrentam um grande obstáculo dentro do mercado: a violência. Uma vez que estão muito mais expostos a agressões verbais, psicológicas e físicas. Em casos extremos, a situação pode chegar a casos de homicídio doloso, quando se tem intenção de matar. Segundo a ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), em 2022, pelo menos 54% dos assassinatos cometidos contra transexuais foram direcionados a acompanhantes.

Com a finalidade de apoiar as quase 40 milhões de pessoas que atuam como profissionais do sexo no mundo, em 17 de dezembro é celebrado o Dia Internacional da Luta pelo Fim da Violência contra as Trabalhadoras Sexuais. A data é uma forma de honrar os profissionais que foram assassinados ao longo dos anos, além de servir como forma de conscientização dos riscos e cuidados da profissão.

A problemática transcende o Brasil e é notória em todo o mundo. De acordo com uma pesquisa coordenada pela psicóloga clínica norte-americana e feminista radical, Melissa Farley – publicada em 2016 e realizada em Boston, nos Estados Unidos – 30% das prostitutas sofreram violência física; outras 12,5% foram vítimas de violência sexual; e 10% enfrentaram violência psicológica no período estudado.

Para Nina Sag, Acompanhante e Diretora de Comunicação do Fatal Model – maior site de acompanhantes do Brasil, agressões contra profissionais do sexo são desafios constantes na profissão, muito perpetuadas por um entendimento errôneo de que acompanhantes são objetos:

“Muitas das vezes os clientes acreditam que, como estão pagando, o acompanhante está abdicando do direito de dizer não, e não é assim que funciona. É um trabalho e devemos ser vistas com respeito. Temos limites. É uma profissão como qualquer outra, regulamentada pelo Ministério do Trabalho”, explica.

A prática da prostituição é entendida como algo voluntário, que parte da própria pessoa e não é ilegal no país. Em 2002, foi considerada uma ocupação profissional pelo Ministério do Trabalho. A partir deste momento, a atividade de oferecer serviços sexuais em troca de dinheiro ficou restrita, por lei, somente a maiores de idade. Por outro lado, a exploração sexual forçada e induzida é caracterizada como crime no Brasil.

Em meados de outubro, Sag produziu um vídeo polêmico intitulado: “Como se comportar com uma acompanhante”. O conteúdo alcançou 4,8 milhões de visualizações e aconselhava aos contratantes que, ao realizarem a contratação, fossem respeitosos e prezassem pela pontualidade ao chegar no encontro.

A publicação foi alvo de ataques de ódio: os usuários utilizavam de deboche e questionavam se acompanhantes mereciam respeito. “Eles indagavam como as prostitutas deviam ser tratadas, como se fôssemos objetos e não pudéssemos exigir respeito”, enfatiza a profissional. Frases como: “Primeira vez que vejo mercadoria colocar regra para o consumidor” e “Se estou pagando, posso fazer o que eu quiser” foram alguns dos comentários respondidos na publicação.

Nina ainda comenta quais são os princípios do Fatal Model: “Aqui o acompanhante se candidata por vontade própria, coloca os dados e já pode começar a atuar. A gente preza muito pela segurança dentro do site, que atua em conformidade com a legislação brasileira. Além disso, é uma ferramenta que ajuda a combater a exploração, porque muitas das vezes a profissão não tem onde arrumar clientes e precisa de renda, assim se submete, muitas das vezes, à exploração”, declarou.