Com “Tchaikovsky’s Wife”, exibido no Festival de Cannes, a homossexualidade do compositor clássico vem à tona de forma impetuosa com o trabalho de Kirill Serebrennikov.
Antonina Miliukova, vivida por Alyona Mikhailova, foi eleita pelo músico para esconder o fato de que sempre foi um homem gay.
‘A Mulher de Tchaikovsky’, do realizador, encenador e dissidente russo Kirill Serebrennikov (‘Febre Petrov’, 2021), era um dos filmes mais aguardados do 75º Festival de Cannes.
Tchai, compositor russo do período romântico, cujas obras estão entre as mais populares do repertório clássico. “No caso de Tchaikovsky, a homossexualidade dele é tão bem documentada por seus próprios escritos e pelos escritos de outros que é simplesmente ridículo sugerir outra coisa”, disse Konstantin Rotikov ao jornal britânico “The Guardian” em resposta ao ministro da Cultura na época, que tentou suprimir este fato por conta da medida de Putin, 2013, de proibir “propaganda LGBT”. “É um fato histórico. A história não muda só porque estamos tentando forçar uma certa agenda atualmente.” Cartas de amor trocadas entre o musicista e o seu primo foram encontradas e levaram à sua importância arquivística para os historiadores. Putin admitiu em entrevista na época que Tchaikovsky pode ter sido gay.
“Os relacionamentos mais íntimos eram com os homens e ele procurou a companhia de outros homens por longos períodos, associando-se abertamente e estabelecendo também relações profissionais com eles”, diz Modest, gay assumido e irmão do artista.
“O que as pessoas fazem em seus quartos não interessa à esfera pública. Essa discussão é semelhante às discussões de caráter moral na era soviética”, afirmou o roteirista uri Arabov, que não concorda que a homossexualidade do compositor seja abordada em filme. “Ele realmente gostou de Bob, tanto que lhe dedicou sua última sinfonia, mas era uma relação platônica“, completa o roteirista.