Larissa Darc, de 21 anos, contou com exclusividade à Ponte como foi o mecanismo de pesquisa investigativa, para o tratamento ginecológico para mulheres lésbicas. O tema do livro foi cerne do seu trabalho de conclusão de curso de jornalismo. Mas acabou servindo de material para uma obra atemporal. A obra chama-se vem cá: vamos conversar sobre a saúde sexual de lésbicas e bissexuais.
Larissa cedeu uma entrevista à Ponte e revelou detalhes sobre este trabalho intrigante e útil à informação. “Na hora de decidir, eu pensei em fazer algo sobre sexualidade. Quando peguei o recorte LGBT, percebi que mesmo dentro do meio as mulheres lésbicas e bissexuais ainda são marginalizadas. Como Angela Davis, que eu usei como fundamentação teórica, diz: a gente precisa compreender que existem diversos tipos de opressão. Um homem gay vai sofrer opressão por ser um homem gay e uma mulher lésbica vai sofrer opressão tanto por ser lésbica quanto por ser mulher”, defende a jornalista.
Sobre o livro
A priori, o livro abrangeria todo universo feminino lésbico, abarcando temáticas como: saúde, educação, preconceito e outras variáveis, porém pesquisando mais a fundo, Larissa encontrou uma temática pouco discutida e não menos importante e decidiu discorrer sobre. “Encontrei tanta coisa, encontrei tanto relato e a falta de informação prévia pra fundamentar o capítulo, que eu percebi que era aquele o meu tema. Eu tinha muito medo de ir a fundo nesse tema, mas era aquele tema”, confirma.
Este receio é decorrente do tabu existente na sexualidade feminina e diz ainda que, vem de uma família tradicional que aborda pouco este tema. E, por ser bissexual, pode sentir o impacto disto fortemente. Larissa ainda revela que o livro tem diversos fragmentos autobiográficos, pois o tema é pessoal.
As dificuldades de compor um livro com este tema
Larissa ainda enfatizou o despreparo dos profissionais perante uma mulher que gosta de vagina. “Como o principal ponto do livro é o despreparo dos profissionais em lidar com mulheres que não transam com caras, ou que transam com caras e com meninas, foi muito difícil achar profissionais. No meio do processo, eu dei um recorte e decidi falar só com mulheres. Todas as entrevistas são com mulheres. Aqui ela pontua o processo empírico da obra.
“As faculdades de medicina não formam os médicos para nada que não é heteronormativo [relacionamentos pessoas heterossexuais como padrão social], isso exclui tanto gays quanto lésbicas. Uma das médicas me falou que em algum momento da faculdade deram uma cartilha para ela sobre sexo gay e ponto. Então eles não falam nada do que foge do heteronormativo.
Por fim, o livro discorre também sobre ISTs(infecções sexualmente transmissíveis) e sobre a vulnerabilidade das mulheres. É uma obra feita de mulher para mulheres, cujo principal intento é trazer à luz temas como saúde sexual. E incentivar mulheres a não deixar de lado esta área imprescindível. O livro será lançado em SP, 19/03.