Divina Valéria, integrante da primeira geração de mulheres trans artistas no Brasil, é a última participante desta temporada da série Cada Voz – projeto da Enciclopédia Itaú Cultural, dirigido pelo fotógrafo Marcus Leoni, disponível em enciclopedia.itaucultural.org.br, dentro dos verbetes de cada artista que participou da série. Neste novo audiovisual, que vai ao ar a partir de 18 de dezembro, ela conta que
não resistiu ao impulso de cantar e estar de frente a uma plateia. Da participação em concursos de calouros e auditórios na infância, encantada pelo universo brilhante das cantoras do rádio, ao reconhecimento pelo Prêmio Kikito, no Festival de Cinema de Gramado, Valéria encara a vida de peito aberto, segura do seu talento nos palcos.
Autêntica, fala que sempre foi uma pessoa considerada elegante, sem fazer nada. “Isso está na pessoa. Já vem incorporado em você”, acredita. “Corajosa? Eu fui corajosa sem saber. Eu fui deixando a vida me levar e fui indo”, explica. “Eu tinha confianças em mim, tinha talento, eu agradava, então eu ia. Não tinha medo. Por onde eu fui, por onde passei, sempre deixei as portas para voltar e sempre coloquei o público de pé, não importa em que país, em que cidade.”
Ela relembra a infância, de classe média, e conta não ter conhecido o pai. “Não foi uma infância com muitas alegrias. Minha mãe estava grávida de mim quando meu pai faleceu, então eu conheci o meu padrasto, que não foi uma pessoa nada boa para os filhos e nem para a minha mãe”, explica. “Foi ele que me botou para fora de casa, eu fui embora e minha mãe não fez nada para que eu ficasse.”
Divina Valéria tem uma carreira de 59 anos. Já passou por diversos palcos brasileiros e estrangeiros, cantando e atuando. Trabalhou, inclusive, no Carrousel de Paris, na França, que na época era uma das casas de espetáculos de travestis mais famosas do mundo.
“Você já nasce com esse dom de ser artista, com esse gosto pelas artes. O meu foi pela música e Deus me deu o dom de poder cantar. Já fiz muito teatro e cinema também, que adoro”, diz. “Sinto um privilégio. Quem imaginaria que aquele menininho levaria a vida que eu vivi? Só tenho que agradecer a Deus, muito!”
Enciclopédia Itaú Cultural
A Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira completou 20 anos em 2021 e hoje está sob a gestão da Gerência de Informação e Difusão Digital, tendo se tornado referência virtual para pesquisadores, educadores e estudantes. Ela reúne informações sobre artes visuais, literatura, teatro, cinema, dança e música produzidas no Brasil. Ao todo são 220 mil verbetes, entre biografias, análises de
obras, informações sobre termos e conceitos empregados no universo da arte e histórico de grupos e movimentos artísticos.
SERVIÇO:
Cada Voz, com Divina Valéria
Dia 18 de dezembro (segunda-feira)
Em https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa480640/divina-valeria