Existe uma lenda que diz que pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQIA+ possuem uma atração natural com relacionamentos à distância. Apesar disso, muitas pessoas procuram evitar se envolverem em uma relação assim, na maioria das vezes por terem a visão de que é uma experiência extremamente difícil.
Para falar um pouco a respeito desse tipo de relacionamento, o Observatório G bateu um papo com a arqueóloga Karina Suan e com a jovem Maria Clara. Elas compartilharam as experiências que viveram e contaram como foi ter vivido um amor à distância.
“Tive apenas um relacionamento à distância. Na verdade, foi também o meu primeiro relacionamento longo, e sendo bastante sincera, a experiência foi uma delicinha. Lógico que teve seus altos e baixos, como qualquer relacionamento, mas me relacionar com a pessoa em si foi muito bom, não é a toa que durou quatro anos” iniciou Suan. Ela também diz que o que tornou o término mais difícil, foi o fato de estar longe da pessoa com a qual se relacionava.
“Acredito que o fato de ter sido à distância foi o que mais pesou na hora de terminar, porque, querendo ou não, relacionamentos a distância tendem a ser complicados. Quando você gosta de alguém, você quer tá junto, sabe? Quer abraçar, beijar, sentir a pessoa, e quando a pessoa tá a quilômetros e quilômetros de distância, fica complicado” continuou a arqueóloga de 24 anos.
Já para Maria, seu primeiro relacionamento acabou não sendo uma experiência tão boa, diferente de seu relacionamento atual, que também é à distância e está sendo muito bom e tranquilo. “Tive dois relacionamentos. Um não foi bacana não, a pessoa foi perdendo a minha confiança com algumas coisas que ela fazia, e aí não dá pra ter nada à distância sem confiança” afirmou a jovem.
“Já o atual é super tranquilo, nós nos vemos 1 ou 2x ao mês, é tudo bem tranquilo mas tem dia que a saudade aperta né” concluiu. Sobre as brigas, Karina brincou ao dizer que até mesmo para isso as coisas podem ser um pouco complicadas, “Até pra discutir a relação é osso, porque, é aquilo, quando você tá perto, se começar uma discussão, é só dar um cheirinho que apazigua e fica tudo bem e dá pra reverter a situação, sabe? Mas a distância não tem como remediar, se uma das partes não cede, sempre acaba mal” conta.
Quando questionadas sobre se concordam que pessoas LGBTQIA+ são atraídas por relacionamentos à distância, as duas tiveram alguns conflitos de opinião. Suan diz que é engraçado, mas pelo o que ela mesmo já pôde observar, é algo que realmente acontece, “Essa pergunta é engraçada… Todo mundo sempre brinca sobre isso. mas eu acredito que sim. pelo menos é a impressão que dá dos casos que eu conheço” relata ela.
Ao contrário de Karina, Maria Clara não concorda com a teoria, e diz que pessoas LGBTs apenas tem mais facilidade de falar abertamente sobre o assunto. “Não diria isso, tem muito casal hétero que tem um relacionamento a distância, mas acho que pessoas LGBTs se expõem mais quanto a isso” opinou. Ao falar sobre o que seria mais importante nesse tipo de relação, Maria diz que é imprescindível que haja confiança, “A confiança com toda certeza!! Você não tá presente na vida da pessoa todos os dias, você não sabe muito do que acontece, então você tem que confiar quase que de olhos fechados” afirmar a jovem.
“Acredito que não tem muita diferença quanto a sentimento e conexão, o que mantém um relacionamento são sentimentos de confiança de amor e etc. Isso nós podemos ter tanto a distância quanto próximos” concluiu ao falar que não existe muita diferença entre um relacionamento a distância e um onde ambas as partes estejam próximas uma da outra.
Relacionamento é algo que pode causar medo independente da forma como poderão ser levados, partilhar a vida com outra pessoa assusta e isso é normal. O importante é sermos verdadeiros com nossos sentimentos e com quem estamos nos envolvendo, para que nenhuma das partes se machuque de nenhuma maneira, porque no final, o que realmente importa é ser feliz com quem estamos.