“The Boys in the Band – Os Garotos da Banda”, de Matt Crowley, escrito nos anos 1960 e considerado o primeiro texto de temática abertamente gay, retrata um grupo de amigos gays que se reúne para celebrar o aniversário de um deles, na Nova York dos anos 1960.
Em 1970, o Teatro Cacilda Becker foi o palco para a versão brasileira, produzida por Eva Wilma e John Herbert, com tradução de Millor Fernandes e elenco de peso, com Raul Cortez, Walmor Chagas, Paulo César Pereio, Otávio Augusto, Gésio Amadeu, Dennis Carvalho e o próprio John Herbert.
Em 2023, em um Brasil na ressaca de uma onda conservadora, buscando reconstruir suas bases sociais e culturais, o espetáculo ganhou nova montagem, no palco do Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, e agora, em 2024, cumpre nova temporada no mesmo teatro entre os dias dia 10/01 e 02/02, quartas, quintas e sextas, 20h30, após enorme sucesso de púbico e crítica.
“The Boys” é uma montagem da ZR Produções, com a direção de Ricardo Grasson e agora contando com Gabriel Santana – ator revelado na infância, quando protagonizou a nova versão de Chiquititas (2013/ SBT), e integrou, na Globo, a novela teen Malhação: Toda Forma de Amar (2019), fez sucesso em 2022, no remake de Pantanal, como filho de Tenório (Murilo Benício), e participou do BBB 23 -, ao lado de Tiago Barbosa, Caio Evangelista, Caio Paduan, Júlio Oliveira, Leonardo Miggiorin, Heitor Garcia, Mateus Ribeiro e Fabrício Pietro
A peça foi destaque por sua representação aberta da vida gay na época em que foi escrita, quando a aceitação da homossexualidade era limitada e as lutas pelos direitos LGBT+ ainda engatinhavam. Idealizada apenas um ano antes da Revolta de Stonewall – um momento representativo para a comunidade gay e sua luta por direitos básicos – oferece um olhar franco e, muitas vezes, cruel e doloroso sobre a vida desses personagens e como eles enfrentam questões de autenticidade e aceitação em uma sociedade reacionária e violenta, que marginaliza tudo aquilo que não atende aos padrões estabelecidos.
“The Boys me chegou em momento oportuno, em que eu queria falar diretamente para nossa comunidade, com todo amor e também com autocrítica sobre nossos desafios sociais, e foi também um tomada de decisão sobre resistir e marcar território. Alguns fatores, como o armário, a amizade tóxica e abusiva, o preconceito racial e de tipo dentro do grupo e a luta pelos direitos sociais gritaram para eu querer fazer esse texto”, diz Caio Evangelista, ator e responsável pela atual versão brasileira. “A heteronormatividade criticada pelo personagem Larry e seu grito pela liberdade em ser o que quer ser, reservando seu amor também, nos fala muito e ainda é atual. A maioria de nós pensa como ele e age como as demais personagens, então esse texto pertence aos gays, é entretenimento e arte que nos chega de forma imediata pela sua temática. Para mim, fazer The Boys é um ato de cidadania, uma realização como artista”, finaliza.