TRANSFOBIA

Travesti tira própria vida após "destransição" conduzida por pastor evangélico que prega "cura gay"

Letícia Maryon, de 22 anos, foi vítima de práticas de Flávio Amaral, que se diz "ex-travesti" e aplica "terapias de conversão" em jovens LGBTQIAPN+

Letícia Maryon - Divulgação
Letícia Maryon - Divulgação

A travesti Letícia Maryon, de 22 anos, tirou a própria vida após ser vítima de um processo de “destransição” conduzido pelo pastor evangélico Flávio Amaral, que se diz “ex-travesti” e prega a “cura gay” através da fé, jejum e oração.

O líder religioso é uma figura conhecida no meio cristão e tem se tornado um símbolo para aqueles que buscam reorientação espiritual, participando de programas de TV e podcasts que promovem sua mensagem.

A informação do falecimento foi divulgada por movimentos da comunidade LGBTQIAPN+ e pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) nas redes sociais. Nos últimos dias, Letícia havia participado de um culto do pastor para falar sobre o seu processo de “cura”. No evento, ela afirmou que estava há dias passando por uma “guerra espiritual entre a carne e o espírito”.

Em um post de despedida, o evangélico expressou suas condolências, gerando uma onda de comentários, entre eles, um que destacava: “Acho que nem todos estão preparados para uma transformação”.

Já a deputada lamentou o ocorrido e afirmou que a sociedade não pode continuar aceitando que religiosos torturem pessoas LGTBQIA+ até a morte. “Não há outro nome pra ‘cura gay’ e ‘cura trans’ se não tortura. Forçar uma pessoa a negar a si mesma, em processos degradantes, para que deixe de ser quem é, é tortura e crueldade. E é também uma incitação pra que a pessoa deixe de ser em si, em sua integridade. Uma incitação ao suicídi*”, desabafou.

A parlamentar ainda acrescentou que “infelizmente, há brechas para que líderes religiosos continuem convencendo pessoas LGBT+ que sua própria existência é errada, e chamem sua tortura de “cura”.

Hilton também falou sobre seu Projeto de Lei 5034, apresentado na Câmara dos Deputados, que visa classificar a “cura gay” como um método de tortura. “É um Projeto que enfrenta uma resistência gigantesca, justamente de fundamentalistas que não aceitam o nosso direito de ser. Mas jamais desistirei do PL e do fim dessa prática”, destacou.

Por fim, ela ainda fez um alerta, afirmando que “muitas prefeituras financiam, com dinheiro público, comunidades terapêuticas ligadas a Igrejas que propagam essa prática. E que dizem que vão acolher pessoas em vulnerabilidade ou em dependência química, e utilizam o dinheiro público para propagar seus ideais fundamentalistas”.

Confira, abaixo: