Cesar Soares dispensa rótulos, mas se for para escolher uma categorização ele se denomina como ‘multiartista’, pois busca, por meio de todas as possibilidades propiciadas pela arte, trazer à luz questões pertinentes à diversidade. Ao Observatório G, Soares discorreu acerca de seu trabalho e destacou como isso encoraja outras pessoas, inclusive na superação de adversidades.
“Tudo começou com um post meu no Instagram: uma foto minha, no meu aniversário de 8 anos, performando com lápis no olho e jaqueta de vinil. No corpo do texto eu falava sobre deixar a criança ser o que ela quiser ser, que rosa é cor de chiclete e azul é cor do céu e ponto. A partir daí, comecei a pesquisar de onde surgiu essa história de que rosa é cor de menina e azul é cor de menino, e tive então a ideia de fazer meu primeiro vídeo. E de lá pra cá não parei mais: fiz um vídeo questionando se brinquedo tem gênero; um falando sobre a história de resistência do futebol feminino, onde mulher jogar bola era caso de polícia; outro sobre a ideia de gênero ser uma construção social e cultural, a partir dos estudos da antropóloga Margaret Mead; um questionando a problemática de existir personagens homossexuais na TV, nos desenhos e livros; outro sobre a origem das palavras “viado”, “bicha” e “sapatão”; um sobre a minha experiência de ser afeminado e não corresponder aos ideais opressivos da masculinidade; e outro sobre a história da criminalização da homossexualidade, que em 2020 ainda é considerada crime em 70 países”, diz ele.
O profissional, que é formado, também, em Figurino pela Escola de Belas Artes (UFRJ), procura produzir seus vídeos de forma dinâmica e repletos de informações relevantes. “A minha série de vídeos busca a reflexão e questionamento dos padrões estabelecidos pela sociedade para os gêneros e sexualidade. A frase “o propósito da arte é desnudar as questões que foram ocultas pelas respostas”, do James Baldwin, serviu de inspiração para a série e para o título dos vídeos que aparece na abertura: “Desnudando a História”. Acho importante descortinar os conceitos, rever as “verdades” que foram ditas pra gente desde pequenos, desconstruir e expandir a reflexão para enxergar as coisas com um ponto de vista mais compassivo, com responsabilidade e respeito às nossas diferenças”.
Provocativo e necessário, o artista aproveitou o ensejo para fazer uma breve explanação sobre o que vem por aí. “No próximo vídeo, que lanço dia 16, falo sobre a homossexualidade na Bíblia, questionando as justificativas para a perseguição aos homossexuais, que estão baseadas em vários argumentos controversos, e que provavelmente contribuíram em alimentar a homofobia ao longo da história”, arrematou.
Instagram – @eucesarsoares