Algumas mulheres que vivenciam o sexo hétero, mesmo sentindo prazer com pênis, já relataram, em pesquisas, a vontade de estar na cama com outra mulher, ou somente ver filmes protagonizados por mulheres. Lembrando que, de forma geral, as mulheres tendem a gozar mais com a estimulação do clitóris, ao passo que só a penetração não seria o suficiente para despertar os prazeres mais loucos.
No passado, acreditava-se que o clitóris, descoberto em 1516, era apenas um botão, mas em 1998 este órgão do aparelho genital feminino foi estudado com minúcia por Helen O Connell, australiana e pioneira neste estudo anatômico.
Em “Vagina, uma Biografia”, Naomi Wolf, escritora que causou polêmica nesses tempos de pandemia, por meio de premissas da ciência e história cultural, defende que a vagina tem uma conexão com as mulheres que vai muito além das funções fisiológicas.
E isso foi ratificado por meio de pesquisas. Especialistas da Alemanha encontraram a área do cérebro que corresponde ao clitóris. O estudo, publicado na revista científica JNeurosci, também sinaliza que a área do cérebro ativada durante a estimulação do clitóris é mais extensa em mulheres que fazem mais sexo. Foram recrutadas 20 mulheres durante uma ressonância magnética de seus cérebros.
“A forma como os órgãos genitais femininos estão representados no córtex somatossensorial humano é muito pouco estudada”, disse à AFP Christine Heim, professora de psicologia médica do Hospital Universitário Charité em Berlim, co-autora do estudo.
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Foram realizados oito estímulos do clitóris, de dez segundos cada, intercalados com dez segundos de repouso. Concluiu-se que, para as mulheres e os homens, a representação dos órgãos sexuais no cérebro está localizada próxima à do quadril.
Estímulo do clitóris e filme pornô
A mulher fica molhada e, quando há incitamento desta área que tem cerca de 8 mil terminações nervosas, a satisfação é incontrolável. Mas há barreiras dentro do próprio desejo. Uma mulher hétero pode apreciar e sentir tesão com o pornô lésbico, visto que nos filmes as mulheres se esfregam especialmente nas partes que mais despertam o prazer feminino, mas essa mulher pode não curtir o sexo lésbico presencial, pois o desejo não é fragmentado, ele é visual, é auditivo, é olfativo, é o gosto do outro, a pegada, a parte íntima, isto é, a conjuntura completa, como já estipulou Helen Kaplan. Nem sempre o filme erótico é articulado para mulheres, comumente o mercado atende aos desejos masculinos por uma questão de demanda, porém, é possível se deparar com filmes nos quais o prazer é focado nas sensações da mulher. Filmes lésbicos engendrados por mulheres costumam ser uma boa.
Conversamos com duas mulheres heterossexuais que não saem com outras mulheres, mas curtem filmes eróticos de temática lésbica.
“Eu gosto, principalmente dos mais sensíveis. O meu marido não liga que eu veja e, muitas vezes, curte assistir junto. É bom e excitante. Além disso, ajuda a apimentar a relação. Mas faço especialmente por mim, o prazer visual de ver duas mulheres tocando no local onde você também sente prazer é indescritível”, disse Ester, que trabalha em casa e é casada há 10 anos.
“Eu sou hétero, solteira no momento e amo assistir filme lésbico. Nunca tive vontade de sair com outra mulher, pois acredito mesmo que o desejo sexual é um contexto completo e, neste caso, só sinto por homens. Mas filme lésbico tem uma atmosfera diferenciada, por conta do toque e beijos. Gosto dos mais sutis, mas conheço mulheres que curtem filmes eróticos entre mulheres que sejam mais hard, até com uso de objetos, enfim”, nos contou a Carol, advogada e solteira.
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