A Revolta de Stonewall se tornou um símbolo da libertação LGBT+ e das demonstrações de orgulho da comunidade homossexual e, posteriormente, LGBT+.
Junho é o mês no Orgulho LGBT+, e o ambiente esportivo ainda se mostra LGBTfóbico, apesar das evoluções..
Por conta do esporte, Bertozzi lida com dois públicos totalmente diferentes na internet. Um nicho que busca inclusão e representatividade e outro que ainda é preconceituoso, o do futebol. São desafios que são construídos através de políticas de inclusão, que vem sendo feitos no meio esportivo há algum tempo. Times de futebol cariocas como Fluminense, Vasco da Gama e Botafogo tem se mostrado a favor de pautas sociais à população LGBT+.
O atleta respondeu algumas perguntas sobre o tema.
• Junho é comemorado o mês do orgulho LGBT+. Você acredita que essa celebração é relevante para que atletas tenham coragem de assumir a sexualidade publicamente?
Eu acredito que é importante, pois além de celebrarmos lutas e conquistas de direitos, ficamos em evidência nos holofotes e sendo falado disso o tempo todo. Não só no ambiente esportivo, mas em todo lugar. E por isso, a cada dia, mais atletas tem deixando o medo de lado e buscando se assumir publicamente sem medo do preconceito e a discriminação que antes eram vistas com naturalidade por torcedores esportivos. Com essa visibilidade, conseguimos levar a mensagem de respeito e inclusão.
• Quais os maiores desafios de um atleta assumidamente LGBT+?
Na minha modalidade, o atletismo, costuma ter um público diverso. Hoje em dia, não existe tanta discriminação como antigamente. Mas ainda tenho medo de ir a estádios de futebol com meu namorado, pois diferente da corrida, as torcidas de futebol ainda se mostram LGBTfóbicas.
• Você ja sofreu homofobia em alguma competição?
Durante a competição não, mas entre a competição sim. Quando adolescente não conseguia enxergar que as piadas que faziam referente a mim eram preconceituosas, eu só não gostava. Como eu treinava em ambiente masculino e heteronormativo, era comum os diálogos machistas e piadas como “Você gosta mesmo de mulher? Duvido!”. E para não ter rejeição, eu acabava tendo que ter um comportamento viril para atender a necessidade daquele espaço.
• Quais maiores avanços que a comunidade conquistou nos últimos anos neste meio?
Quando me assumi gay, aos quinze anos de idade, saí da equipe de atletismo que eu fazia parte e dei um tempo. Esporte não era considerado local de fala de gay. Nos vestiários era sempre um pesadelo, pois os caras achavam que você o olharia só pelo fato de ser homem. Hoje em dia, ver times de futebol comemorando dias importantes de luta é uma relevância gigante. Ver o grande Germán Cano erguendo a bandeira LGBTQIA+ ao fazer um gol, é muito representativo. Ainda mais para mim que sou tricolor. São situações pequenas e simbólicas, mas que vão fazendo a diferença. E diversas lei de combate à homofobia ja são eficazes.
• Promover essas ações ainda é um risco para atletas?
Sim, mas é necessário. No futebol, por exemplo, quando o assunto é combater a homofobia, alguns torcedores distorcem o assunto como “Ta, mas e o dia dos héteros?” “E o time? Vai melhorar, não?” e diversos discursos de ódio que são ainda normalizados. Por isso é necessário continuar. A LGBTfobia não deve existir no esporte e em lugar nenhum. É crime!