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Gay, Guilherme Bastos da Ocyan conta a sua história de superação e Orgulho

Orgulho – sentimento de prazer, de grande satisfação com o próprio valor, com a própria honra

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Esse é o significado de orgulho presente no dicionário Oxford Languages, que apesar de parecer tão distante em sua sede universitária na Inglaterra, está logo ali a um Google de distância.

É curioso pensar como uma única palavra pode abrir portas para tantos debates. No que tange à sexualidade, lembro de ouvir essa associação ainda muito novo, na primeira vez que ouvi falar da parada do orgulho LGBT. Ora, qual a necessidade de uma parada gay? Um evento grandioso para esfregar o que deveria estar entre quatro paredes? Uma falta de respeito com as crianças e famílias que estão fora desse espaço durante um dia? E, se temos a parada gay, quando teremos a parada hétero? Quem nunca ouviu uma, algumas, ou até todas essas frases em algum momento da vida? O que pode soar um pouco incomum é que eu mesmo, como homem cis e gay, já pensei e verbalizei muitas dessas frases ao longo da vida. Parte para me certificar que os demais estavam ouvindo o que eu acreditava que eles gostariam de ouvir. Parte para tentar me camuflar no meio de tais opiniões e não ser apontado como um dos que
estão a todo ano neste evento. Mas não me julgue de imediato. Me sobrava ignorância e esquecimento da conexão do movimento com o ato aplicável da palavra orgulho. O que pode passar batido para muitos é que a jornada para se entender pertencente à comunidade LGBT+ não tem uma receita pronta. Não há tempo definido, as condições do seu ambiente e daqueles que te cercam e o seu acesso à informação irá interferir diretamente desde o momento em que você se entende diferente até o momento de se assumir e entender que se faz parte. Boa parte desse caminho é muitas vezes pautada pela vergonha, pelo medo, tanto de ser quem é quanto de como os outros irão te tratar por você
ser quem é, da falta de carinho consigo mesmo e do sentimento de não ter tanto valor como os demais. Percebe como todos os sentimentos antes de se entender e se aceitar são antônimos do orgulho?

A jornada até aqui é tão árdua e foi batalhada por tantos antes de nós – o dia do orgulho se firmou muitos anos atrás, em 1969 com a rebelião de stonewall – que quando finalmente alcançamos a paz de entender e aceitar quem somos é que conseguimos, efetivamente, sentir a grande satisfação com nosso próprio valor. E esse amor-próprio, essa sensação de não mais ser indigno, de prazer e felicidade precisa de um marco. Pelo menos um dia, onde acontece um auto abraço. Pelo menos um evento, onde gritamos para o mundo e para aqueles que ainda não conseguiram alcançar que estamos aqui. Pelo menos um mês em que essa mensagem possa ser amplamente comunicada.

No ano passado, minha visão estava voltada para como a ideia de se manter no armário no ambiente corporativo estava mudando. Este ano, observando as ações das empresas para o mês do orgulho e olhando para a minha história, me dei conta de outro movimento: como o avanço da agenda de diversidade & inclusão no ambiente corporativo possibilitou que eu e tantos outros nos sentíssemos realmente abraçados, aceitos e capazes de ter um espaço de segurança. Espaço esse que muitas vezes não acontece dentro do nosso próprio lar. Lembro das conversas com novos integrantes da Ocyan que demonstravam surpresa ao saber dos grupos de afinidade e que aqui há outros exemplos de pessoas que puderam bradar seu orgulho sem medo. Participei esse mês de rodas de conversas que buscavam aproximar o público não pertencente à comunidade e abrir espaço para a reflexão. Vi empresas levarem
seus funcionários para a parada LGBT+ a fim de desmistificar a sua visão do evento. Aplaudi uma peça de teatro que contava a história das mães que sempre souberam da sexualidade dos seus filhos. Desenho hoje ações no RH que possibilitam que essa experiência atinja tantos outros nesta sigla extensa – e que sim, não irá parar de crescer – para que estes possam sentir a mesma paz que eu sinto hoje em dizer que sim, quando leio o significado de orgulho eu consigo interpretar a minha sexualidade nas entrelinhas.
Hoje é o último dia do mês do orgulho. E você e a sua empresa? Já motivaram o orgulho de
todos hoje?

*Guilherme Bastos é Business Partner de RH na Altera & Ocyan e líder do Grupo de afinidade LGBT+.