O youtuber LubaTV divulgou um vídeo, no domingo (16), comentando a participação de Kefera no Encontro com Fátima. O programa, que foi ao ar na quinta-feira (13), tem repercutido porque a youtuber discutiu ao vivo com um participante da plateia.
O assunto em pauta era feminismo, e Kéfera rebateu os comentários do participante. De acordo com ela, o rapaz estava praticando mansplaining, isto é, explicando às mulheres algo óbvio de maneira condescendente. Neste caso, o participante tentou explicar onde o feminismo deve ou não ser usado.
A discussão entrou, então, na questão do lugar de fala. Aparentemente, foi o que motivou LubaTV a comentar a polêmica. No vídeo de seu canal, o youtuber comenta que se chateia com argumentos que levam em conta o lugar de fala.
“Quando vejo argumentos como ‘Você não pode tentar me ensinar porque você é homem’, eu fico chateado, sinceramente. Nós, brasileiros, não aprendemos a debater no colégio. Não aprendemos a argumentar, não aprendemos sobre falácias”, comentou Luba. “Justamente debater, argumentar, discutir é o que vai fazer você crescer intelectualmente. Dizer ‘você é um homem, logo, você não pode falar sobre isso comigo’ é um argumento falso”, opinou.
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A atriz e youtuber retrucou o vídeo por meio de seu Twitter. De acordo com ela, o centro da questão ainda é o local de fala. “Um homossexual branco que não acredita em lugar de fala, definitivamente, está fazendo um desserviço à todos, uma pena. Mas acredito na evolução de todos. Boa sorte, Luba”, escreveu.
Logo depois, continuou. “Se fosse um hétero representando o movimento LGBT, será que LubaTV iria concordar e achar que é correto o protagonismo ser do hétero num movimento o qual ele não pertence?”, indagou Kéfera.
Repercussão
As opiniões se dividiram ainda mais e a repercussão do caso não parou. “O Luba infelizmente ainda não consegue entender a importância do feminismo e nem da luta LGBTQ+, que deveria ser do interesse dele, mas como branco, padrão, loiro de olho claro… provavelmente não consegue enxergar através da sua bolha de privilégios”, opinou um seguidor.
“Obrigada LubaTV por não ir de acordo com ignorância. A cada dia você se torna uma pessoa mais admirável, que desde o início do canal sabia que iria se tornar”, comentou outra. “Quando começou eu tava do teu lado, mas o que o Luba disse está certíssimo. Agora só porque a pessoa é um homem ele não pode falar de feminismo? Quantos homens feministas existem por aí, e falar isso tu estás tirando o lugar de fala deles”, retrucou um terceiro perfil.
Definições
A filósofa brasileira Djamila Ribeiro publicou, em 2017, um livro intitulado O que é lugar de fala?. No mesmo ano, em entrevista ao GNT, Djamila comentou sobre a aplicação do termo em vários movimentos sociais. Com a polêmica entre os youtubers, o vídeo da entrevista voltou a viralizar no Twitter.
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“A pessoa branca, no geral, ela se pensa universal. ‘Eu sou um homem branco’, e olha pra você: ‘Você é uma mulher, você é específica’; olha pra mim ‘você é negra, você é específica’. Quando ele entende que ele fala a partir de um lugar (também específico), do grupo privilegiado, ele consegue enxergar que o lugar dele impacta diretamente no nosso. Os privilégios dele foram construídos à base da nossa opressão. Ele se entender. Por isso que o lugar de fala incomoda muitas pessoas, porque elas não querem se entender também como específicas, falando de um lugar”, explicou Djamila.
“Você não precisa ser negro para falar contra o racismo. Você pode e deve se responsabilizar pelo racismo, só que você fala de outro lugar. É importante entender que você fala a partir do lugar que você pertence, não significa que só a mulher pode falar contra machismo. Muito pelo contrário, o homem vai falar sobre machismo, de repente… Pensar ‘eu sou professor, então eu tenho mulheres na biografia do meu curso?’; ‘sou pai, eu pago a pensão?’; ‘eu divido as tarefas dentro de casa?’. Vai falar de outro lugar”, afirmou a filósofa.