Um professor do colégio Liceu de Humanidades de Campos dos Goytacazes, no interior do Rio, foi afastado após utilizar uma charge satirizando a relação de Jair Bolsonaro com o presidente americano, Donald Trump. Na imagem, os dois aparecem com uma compleição cômica e gestos de afetividade na cama. O professor planeava desenvolver uma atividade com 3º ano do ensino médio, cujo intento era que os alunos identificassem elementos de humor e ironia.
“Sempre usei charges para trabalhar em sala de aula. Neste caso, de forma contextualizada na ironia, no humor, que é tipico desse tipo de texto. Expliquei como detectar esses aspectos e disse que não deixa de ser um texto argumentativo. Temas como a relação de Bolsonaro com Trump, a Venezuela, estão em voga, então pedi que alunos fizessem uma ánalise da charge. Não há doutrinação nenhuma, eu dei liberdade para que se posicionassem livremente sobre o conteúdo”, afirmou o docente Marcos Antônio Tavares da Silva.
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O pedido de afastamento do professor foi feito pelo governador do Rio, Wilson Witzel. A imagem repercutiu até parar em páginas de Direita. Contudo, a interpretação foi errônea e, começou-se a difundir, como se tivesse uma conotação sexual. Além de ter sua liberdade cerceada, o professor também recebeu ameaças.
“Recebi diversas ameaças, pessoas dizendo que “tem que matar esse viado comunista”. No final da noite, uma amiga me ligou dizendo que um grupo de policiais estava me caçando pela cidade. Eu preciso de proteção, minha integridade física está em jogo. Isso não só é perseguição, como também é censura. Não tem cabimento ser afastado por conta de uma charge que é um instrumento que existe desde a ditadura”, findou.