Filosofia

A diversidade nas empresas pela lógica filosófica de Spinoza

Baruch de Espinosa (1632-1677) nasceu em Amsterdã, na Holanda, no dia 24 de novembro de 1632

Ilustrativa
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Especialistas sempre falam sobre a importância de manter o ambiente corporativo plural, de modo que o espaço possa acompanhar as demandas da sociedade de forma geral. Diversidade é um tema que está no pódio. Paulatinamente e mesmo com considerável resistência, a sociedade está entendendo que o mundo não é homogêneo, logo, é preciso empatizar com realidades e especificidades distintas da nossa.

Tendo isso como norte e a filosofia profunda de Spinoza, filósofo holandês considerado um nome importante dentro da linha racionalista, Leandro Franz explica a correlação entre diversidade e as contribuições de Spinoza.

Muito se fala em diversidade nas empresas, mas poucos compreendem “matematicamente” os benefícios de uma equipe diversa. Um bom modelo para compreender o tema pode vir da filosofia “geométrica” de Spinoza, começa.

E o que a Ética de Spinoza tem a ver com diversidade? Tudo! Um conceito fundamental de sua teoria é o encontro de indivíduos diferentes e como esses encontros afetam cada um dos envolvidos. E não precisam ser humanos. Ele define indivíduo como qualquer coisa (objeto, coisa, pessoa, animal, bactéria), pois seu foco se dá nos encontros. Assim, uma pessoa tropeçar em uma pedra é um indivíduo tropeçando em outro. Um vírus invadindo uma célula também representa a interação de dois indivíduos. Uma gota de chuva molhando uma planta é um indivíduo (água) interagindo com outro (folha da planta), diz.

Para exemplificar, imagine que você vai conhecer pela primeira vez o mar. Chega à praia e vê ondas gigantescas ali e fica com medo. Esse “encontro” com o indivíduo “mar” fica na sua memória como algo ameaçador. Se você nunca mais voltar à praia, para sempre o indivíduo “mar” será uma lembrança ruim. E aí entra a diversidade. Se você não desistir e buscar outras praias, descobrirá que cada uma tem sua característica. Umas são calmas, outras são mais transparentes, outras têm muitos peixes, outras algas e corais.

Spinoza vê como positiva essa organização, essa busca por novos encontros com cada tipo de indivíduo. Ele afirma que “quanto mais um indivíduo é capaz, em comparação com outros, de agir simultaneamente sobre um número maior de coisas, tanto mais sua mente é capaz, em comparação com outras, de perceber, simultaneamente, um número maior de coisas”.

Empresa

Voltando ao mundo corporativo, imagine que cada colaborador da empresa é uma “praia”. Se todos os contratados são praias iguais, qual o limite de profundidade das discussões e dos encontros? Como serão geradas ideias inovadoras se todos veem uns aos outros como clones, como praias-padrão?
Uma organização com indivíduos similares (mesma origem social, mesma formação, etnias, experiências de vida, histórico) possui dois grandes problemas: 1) os encontros pouco complexos produzirão as mesmas ideias clichês; 2) e a constante convivência com ideias clichês limitará o desenvolvimento intelectual de cada um. Sem acesso a praias diferentes, os colaboradores manterão o mesmo preconceito sobre o mar. Quando esse simplismo contamina as análises de concorrentes, clientes e produtos, pode ser a gota d’água para a empresa perder mercado.

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