A discussão sobre usar gênero no lugar de sexo sempre rende pautas calorosas. Judith Butler é uma filósofa pós-estruturalista, lésbica e estadunidense que chegou a dar contribuições acerca do tema. Segundo Butler, quando somos crianças começamos a encenar determinado gênero. Assim, no decorrer da vida, continuamos encenando este gênero, o que nos leva a crer que ele é fixo. Isto é, de acordo com a teórica, ficamos presos e categorizados neste binarismo: homem e mulher. Dick Swaab, professor de neurobiologia da Universidade de Amsterdã que estudou a química cerebral da identidade de gênero, disse que o sexo pode ser julgado de maneira errada no momento do nascimento, porque as pessoas olham apenas para os órgãos sexuais e não para o cérebro. Além disso, ressaltou que o nível de testosterona é apenas uma pequena informação sobre o quadro geral.
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Este tema é alvo de críticas, sobretudo dentro do movimento feminista, especialmente em espectros mais radicais. Militantes afirmam que usar gênero em vez de sexo gera o apagamento de mulheres. Patrícia falou a respeito.
O uso da palavra/conceito “gênero” no lugar de sexo vem com o pretexto de incluir pessoas do sexo masculino que, em suas palavras, se identificam com ou se sentem parte da comunidade feminina, e que também são vítimas de violência. Assim, no lugar de “violência contra a mulher”, como algo específico de pessoas do sexo feminino, deveríamos utilizar “violência de gênero”. Em inglês, essa mudança é ainda mais evidente: para se falar das violências vividas por mulheres, troca-se a expressão sex-based violence (“violência com base no sexo”) por gender-based violence(“violência com base no gênero”), atrelando-se a violência não à realidade material, biológica, de se nascer do sexo feminino, mas à performance ou ocupação do lugar social “feminino” na sociedade, diz ela.
Só que a violência pela qual nós, mulheres e meninas — seres humanos do sexo feminino — passamos por nossas vidas não é por conta de como nos apresentamos ao mundo, ou da identidade que consideramos ter, ou de como nos sentimos e portamos. É pelo simples fato de sermos do sexo feminino. Basta a identificação de um corpo de fêmea para que nos tornemos, instantânea e involuntariamente, alvo de diversas violências diferentes, que atravessam o tempo, as fronteiras e as culturas, pontuou.