Após pedir proteção a Comissão Interamericana de Direitos Humanos por receber ameaças, a viúva de Marielle Franco – vereadora do PSOL, assassinada a tiros em março deste ano no centro do Rio -, Mônica Benício, prestou um novo depoimento à polícia nesta segunda-feira (06).
A arquiteta disse que vai discutir medidas de proteção com as autoridades brasileiras e contou a respeito das ameaças que vem sofrendo. “Um carro me acompanhou na rua, à noite. Ele fez esse acompanhamento comigo na contramão, e aí na hora de atravessar a rua, ele parou; eu fiz menção de atravessar, e o carro se jogou um pouco para cima de mim. Mas muito devagar. Depois, mais tarde, na porta da minha casa, ele passou de novo, deu sinal de luz, ficou me acompanhando devagar, do meu lado e depois seguiu o percurso”, explicou.
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Benício ainda disse que sofreu agressões verbais de uma pessoa que passou dentro de carro. “Está falando demais, hein? Cuidado para não ser a próxima”, teria dito o autor do ataque. Após tantos episódios, ela decidiu pedir proteção Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, a Organização dos Estados Americanos, por não confiar nas autoridades brasileiras.
“Eu acredito que o crime da Marielle seja um crime político, e eu estaria pedindo ajuda e proteção a um estado que matou a Marielle. Então, eu pedi direto para a OEA”, explicou.
A comissão informou que “o governo brasileiro declarou que Mônica não demonstrou no pedido internacional a existência de uma situação de risco concreta”. E que ela “não solicitou inclusão no Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos”.
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A OEA considerou que Mônica está em uma situação de risco grave e deve ser protegida de todas as formas pelo governo brasileiro, que não medirá esforços para protegê-la.
Mônica Benício deve se reunir com autoridades brasileiras para negociar que tipo de segurança terá. Ela não quer entrar para o Programa de Proteção à Testemunha. A viúva de Marielle ainda aproveitou para cobrar a solução do caso que já passa de mais de 145 dias sem ser solucionado.
O Ministério das Relações Exteriores confirmou a decisão da OEA, e que o Ministério dos Direitos Humanos articula com outros órgãos federais e do estado do Rio de Janeiro para cumprir o pedido solicitado.