Não deve ser nada fácil ser diagnosticado com HIV. O assunto ainda é um tabu e permanece submerso, sem muitas políticas com ênfase na prevenção e cuidado. Porém, para desmistificar algumas coisas, a ativista Teresinha Martins contou um pouco sobre seus dilemas e luta.
Diagnosticada com HIV ainda nos anos 1980, hoje ela atua na prevenção e no acolhimento de pessoas na mesma condição. “Numa sala do hospital Emílio Ribas [SP], o médico nos informou que não havia muito o que fazer. Era somente acompanhar a evolução da doença e tratar as possíveis infecções oportunistas”, conta Teresinha em entrevista à Catraca Livre.
“Mais de dez anos se passaram. Em alguns momentos, cheguei a pensar que aquele resultado não era verdadeiro, mas sim, era verdade… No ano de 1998, apareceram os primeiros sintomas. A AIDS já não era algo desconhecido. Acompanhava as notícias na TV, artistas famosos já haviam morrido e o coquetel estava disponível. Mas infelizmente eu esperei adoecer para procurar ajuda. Foi o momento mais complicado, pois apareceram diversas infecções e, ao mesmo tempo que tinha que tomar o coquetel para o HIV, também tomava diversos remédios para tratar as infecções oportunistas“, enfatiza ela.
“Mas o mais importante é que foi nesse espaço de acolhimento com respeito e carinho que me fortaleci para revelar ao meu filho. Não foi nada fácil pra ele lidar com a ideia de que eu viveria pouco. Bom, foi assim que ele pensou quando revelei a ele meu diagnóstico. Aos poucos, ele também foi entendendo que não era assim. Depois de conviver com outras pessoas no GIV e constatar que era possível viver bem, hoje ele sabe que podemos morrer de qualquer outra coisa, quase nunca se sabe como, quando ou onde“, ressalta.