Entendimento

6 mentiras sobre a bissexualidade

No dia 23 de setembro comemora-se o dia da Visibilidade Bissexual

 Júlia Vicheti
 JúliaVicheti/MdeMulher

A data em celebração à bissexualidade surgiu em 1999, e a bissexualidade é uma orientação sexual assolada por estigmas. Como se o sujeito estivesse predestinado a nutrir “relações superficiais”, “traição”, “indecisão” e por aí vai.

No dia 23 de setembro comemora-se o dia da Visibilidade Bissexual no Brasil, em alusão à data de falecimento do rei da psicanálise, Freud, que deu fecundas contribuições acerca do tema, especialmente em seu trabalho capital sobre a sexualidade humana de 1905.

Indecisão

Ser indeciso é uma característica subjetiva de alguém e não um qualitativo oriundo do bissexual. Ela pode se manifestar em situações de insegurança e cautela. Segundo o psicanalista Lucas Nápoli, “Indecisão frequentemente é um eufemismo para o medo de fazer determinadas escolhas”.

Relações superficiais

Relação superficial é um fenômeno extremamente atual, geral, que acomete grande parte das relações, e vários filósofos já discorreram sobre isso. Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, falou sobre o amor líquido contemporâneo, no qual se dissipa diante de qualquer adversidade e transformação.

Traição

Traição é um tema ainda mais denso, que também está presente de forma geral – Héteros, bissexuais, homossexuais, dentre outros. No amor monogâmico, há um contrato de lealdade no qual a traição não é aceita, diferentemente de relacionamentos abertos, em que o casal estabelece as suas próprias regras. Para além disso, alguns psicanalistas entendem que a traição, além da monotonia das relações duradouras, está muito ligada ao desejo da falta – aquilo que não tenho e preciso alcançar para me satisfazer. Esta falta atiça o psíquico. Quando conhecemos muito o parceiro, comumente o mistério se esvai. O mistério, o obstáculo e a conquista alimentam o desejo.

Bissexualidade pode ser tudo

Bissexualidade não é uma identidade abrangente, e reforçar esta ideia não se incentiva a inclusão, mas sim invisibiliza a identidade. Sim, temos que estar atentos às transformações, mas sem se esquecer da constituição da identidade. A bissexualidade não é o que o ativista de 2021 disse que ela é porque ele quis assim. A característica central é a atração sexual e/ou afetiva binária – pelo masculino e feminino, isto é, os qualificativos concernentes a estes dois polos, que possuem características específicas. Apesar de alguns equívocos, dada a época em que os estudos começaram e repercutiram, segundo Roudinesco e Plon (1998), Freud entende a bissexualidade como uma disposição psíquica inconsciente, própria de toda subjetividade humana, ele chegou a referendar como inata do ser humano, pelas fantasias com masculino e feminino. Père ou Mère ? Entre bisexualité psychique et différence des sexes de Chabert, preceitua que esta orientação sexual não deve ser vista como ‘confusão do sexo’, mas como a coexistência de dois no psiquismo – masculino e feminino.

Todo sujeito pode carregar este binarismo em si, em menor ou maior grau. O desejo do bissexual se direciona/ orienta para ambos os gêneros. É nestes dois que ele encontra a satisfação do gozo. Já o pansexual não tem esta preocupação binária.

Fase

Orientação sexual – Diz como o seu desejo se manifesta e se orienta. O desejo nasce conosco, compõe nossa herança genética, é a pulsão sexual, sua atração, para qual pessoa se direciona os seus olhos quando a atração vem à tona. Já, ter um relacionamento romântico e a afetividade de modo geral, vai depender de exteriorizar este desejo. Ela não é uma fase, é uma orientação sexual.

Se o sujeito estiver em um relacionamento hétero, ele é hétero

Você pode estar em uma relação hétero, a bissexualidade vai te acompanhar por toda vida.

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