Katrina Malbem tem 17 anos, é da etnia Guarani e vive na aldeia Bororó em Dourados. A garota irá participar do concurso e marcará um ineditismo, pois em nove anos, nunca houve uma participante transgênero.
Segundo G1, ela sempre quis participar do concurso, mas a decisão de realmente disputar uma vaga veio após a transição, que aconteceu há 3 anos: “Quero levar a mensagem de que respeito à escolha do outro vai além de qualquer tradição.”
Contudo, nem tudo são flores e cordialidade, e houve muita resistência com a chegada de uma candidata trans. “Ninguém esperava, mas quando soubemos da inscrição dela, todo mundo concordou que ela deveria, sim, participar. Em seguida começaram as críticas por parte de pessoas da comunidade, familiares de outras candidatas sobre a participação dela, querendo que ela não disputasse, os costumes ainda são conservadores na aldeia“, relata a organizadora do concurso, Tatiana Martins Gomes.
Dito isso, foi ratificada a participação de Katrina, mas com algumas ressalvas.
“É complicada a questão da disputa na categoria feminina, mas não abrimos mão da participação dela, então decidimos que ela vai desfilar, vai participar como todas as demais, mas não vai pontuar, porém, ela receberá o título de miss diversidade indígena pela coragem em representar o público LGBT”.
Por fim, o concurso acorreu na noite deste sábado (27) na aldeia Jaguapiru, em Dourados, região sul de MS. Disputam o título de Miss e Mister indígena 22 concorrentes: 5 casais da aldeia Bororó, 5 casais da aldeia Jaguapiru e um casal que reside fora da Reserva Indígena de Dourados, além de Katrina, que entra como concorrente especial.