Não é segredo para ninguém que muitos LGBTs precisam esconder a sua orientação sexual para evitar represálias. Parece impensado ter que vestir uma máscara social para se encaixar nos ditames de pessoas não nos conhece, tampouco sabem de nossas peculiaridades, inseguranças, paixões e verdade.
Em suma, a repressão vem travestida de defesa, às vezes até uma defesa de si mesmo e dos próprios desejos tidos como perversos. Os preceitos religiosos e a família são propulsores para o sentimento de culpa.
Sendo assim, tratar com naturalidade é o primeiro passo para que o sujeito não se culpe por algo que não está em seu controle, mas simplesmente faz parte da plenitude de seu ser.
Um rapaz gay, cuja identidade será preservada, relatou alguns dos dilemas sofridos e destacou que após aceitar a si mesmo, tudo tornou-se mais natural e fluído dentro dele.“É muito difícil você crescer em um lar evangélico e descobrir que, por alguma razão, não está inserido nesse meio. Eu me sentia fora do eixo, uma peça anormal”, diz. “Toda vez que ia para igreja era como se eu estivesse ‘servindo a dois senhores’, eu me sentia um pecador, isso pode ser trivial e engraçado para algumas pessoas, mas, para mim, era ser torturado vivo. Eu me sentia um demônio”, conta.
Acerca de sua família, o rapaz ressaltou que contar ou não sobre a orientação sexual será uma decisão pessoal. “Eu acho que se você não quiser contar tudo bem. Tudo vai depender do que sua família representa para você. Se eles foram muito importantes para sua formação, é natural que você queira que eles participem de sua vida afetiva. Assim, tudo vai depender do que a palavra família simboliza para você. No meu caso, família sempre foi uma base forte, então foi um alívio contar”.
A visão de Deus
“Eu encaro a religião como uma maneira de estar perto de Deus. Toda vez que estou perto dele eu me sinto mais forte e não sinto esse Deus punitivo que muita gente desenha. Para mim, ele me aceita exatamente como sou, aliás, ele me presenteou com tudo que tenho hoje”.