DJ Marisa D’Amato desconstrói conceitos da Bissexualidade

DJ Marisa D'Amato
DJ Marisa D'Amato (Foto - Clara Almeida)

Muito antenada, a DJ Marisa D’Amato resolveu desmistificar alguns conceitos que permeiam a bissexualidade. Sempre categorizada como indecisão e promiscuidade, a profissional destaca que isso é apenas uma perspectiva limitante.

“Antes de falar sobre o que é a orientação, precisamos entender que essa sigla representa MUITAS pessoas. Bissexuais são pessoas que se atraem afetivamente, sexualmente e/ou emocionalmente por pessoas de diferentes gêneros. E vale ressaltar que a Bissexualidade não é trans-excludente e nem binarista”, diz.“Ou seja, podemos sim nós atrair por pessoas trans no geral”, acrescenta.

Bissexuais não deixam de ser bissexuais ou são menos bissexuais independente da relação sentimental que estiver. Não é porque eu namoro com alguém do mesmo mesmo sexo que posso me considerar lésbica. A relação atual que eu me encontro não muda o fato de me sentir bissexual”, ressalta.

Invisibilidade

“A invisibilidade bissexual está muito presente nas nossas vidas desde o processo de aceitação até comentários bifobicos. O fato de sentirmos atração por pessoas de diferentes gêneros perante uma sociedade monossexual, ou seja, que acredita que você só pode se atrair por apenas um gênero, faz com que a sociedade nos enxergue como pessoas muitas vezes indecisas ou então vulgares. Mas a verdade é que a orientação bissexual não é sinônimo de vulgaridade e nem de indecisão”.

“A bifobia está presente dentro da comunidade LGBTQIA+ por justamente acreditarem que não somos dignos de confiança dentro uma relação sentimental. Alguns outros realmente acreditam que temos vergonha de nos assumirmos homossexuais, como se fosse de fato uma obrigação termos que escolher entre um ou outro para nos atrairmos. Muitas pessoas LGBTQIA+ descredibilizam completamente o movimento Bi nos trazendo ainda mais invisibilidade. Mal sabem que estamos todos no mesmo barco”.

Monogamia

“O fato de nos atrairmos por pessoas de diferentes gêneros faz com que muitos acreditem que não somos fiéis a uma relação ou então que precisaremos viver numa relação poligâmica para ficarmos 100% satisfeitos. O que poucos entendem é que fidelidade é uma questão pessoal é subjetiva e não tem nenhuma relação com a orientação bissexual, assim como não somos sinônimo de poligamia. Nada contra aos relacionamentos poligâmicos, mas não tem também nenhuma relação com a bissexualidade. O que muito me impressiona são pessoas nos julgarem como infiéis como se heterossexuais, lésbicas, gays, entre outros, não traíssem seus parceiros”.

É preciso necessariamente gostar mais de um gênero do que de outro?

“Não existe um termômetro para seguirmos à risca que precisamos gostar o mesmo tanto de um quanto de outro. Tem pessoas que se atraem mais por homens cis, mulheres cis, pessoas não-binarias e por aí vai”, diz.

Existem pessoas trans bissexuais?

“Existem sim, inclusive uma das pessoas que me inspirou a estudar e falar hoje em dia sobre bissexualidade foi uma pessoa bissexual não-binária”, contou.

Sentir atração apenas pelo físico de uma pessoa me torna bissexual?

“Pode ser que sim, ou não também. Eu acredito que sentimento é algo muito subjetivo, eu poderia afirmar que várias pessoas que eu conheço poderiam ser/são bissexuais, mas daí eu já estaria fazendo exatamente o mesmo que fazem com pessoas Bi, nos julgando e dizendo o que realmente devemos fazer/sentir e ser. Existem várias orientações e acredito que para você se identificar com alguma é necessário entender quais são elas. Não quero forçar ninguém a se assumir bissexual, mas eu posso sim usar a influência que eu tenho para dar voz ainda mais ao movimento Bi. Eu não quero converter ninguém, quero apenas que me reconheçam como quem realmente sou”, falou.

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