“Sem filhos em sua maioria, os casais homossexuais têm sua renda revertida para cultura, lazer e turismo”, diz Douglas Araújo.
Falar de empreendedorismo em tempos de diversidade em pauta traz à tona diversas discussões sobre inclusão que são necessárias para se tornar uma empresa que busca entender os anseios, percepções e comportamentos de um público que cresce potencialmente. O poder de consumo LGBTQ+ é resultado de um ciclo de vida diferente.
“Sem filhos em sua maioria, os casais homossexuais têm sua renda revertida para cultura, lazer e turismo”, comenta Douglas Araújo, escritor, empreendedor e investidor LGBTQ+. Douglas é uma das raras exceções no segmento de educação financeira e investimentos no qual há pouca participação de indivíduos LGBTQ+.
Pesquisas recentes apontam que o público homossexual gasta 30% a mais do que os heterossexuais. Só no Brasil eles movimentam estimados US$ 75 bilhões por ano. Segundo a LGBT Capital, companhia britânica especializada em administração, consultoria financeira e empresarial orientada à comunidade de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros, o público gosta de viajar, adora uma festa, não abre mão de comer bem e de se vestir melhor ainda, e tem dinheiro para isso.
A população homossexual brasileira ultrapassa os 20 milhões de pessoas segundo estimativas da Associação Brasileira LGBT. Um público que já atinge, no país, a marca de potencial de compras de R$ 419 bilhões, de acordo com a associação internacional Out Leadership. O valor equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Nicho sólido e de clientes exigentes, eles geraram uma grande movimentação no mercado, que tem se preparado para atender as particularidades dos grupos LGBTQ+.
O Dossiê Brandlad, lançado recentemente pelo Google, mostra que 54% dos millennials dariam preferência a marcas focadas na igualdade de direitos e diversidade. Daí se chega à resposta: investir, apoiar e vender pensando no público LGBTQ+ não é uma estratégia a mais de marketing, mas uma real necessidade para todas as empresas que desejam atuar com mais pessoalidade e entregar valor junto ao seu produto ou solução. “Nossa indústria está habituada demais a enxergar a diversidade como caridade em vez de uma necessidade de mercado”, relata Douglas.
Segundo pesquisa divulgada pela empresa de inteligência Cognatis, há uma significativa diferença em renda entre casais homoafetivos coabitantes e demais casais. Ao passo que a renda domiciliar per capita (ou seja, renda do domicílio dividida pelo número de membros do domicílio) brasileira atingiu em 2019 cerca de 1500 reais mensais, a renda domiciliar per capita em domicílios homoafetivos foi de mais de 3500 reais por mês. Ou seja, duas vezes maior em média.
A pesquisa afirma ainda, que isso decorre devido a uma combinação de fatos como: A) Estes casais têm maior grau de escolaridade em geral. Ao passo que menos de 1 a cada 10 casais brasileiros incluíam alguém com escolaridade acima do ensino médio, quase um terço dos casais homoafetivos cruzaram esta fronteira (28%). B) Estão mais concentrados em grandes cidades nas quais os salários são maiores; C) Formam famílias relativamente menores (a proporção com filhos é de pouco menos que 20% comparada a quase 70% dos casais em geral), o que possibilita maior renda per capita dentro do domicílio. D) Casais homoafetivos, mais frequentemente que demais casais, trabalham fora do domicílio. E mesmo quando comparados com casais não homoafetivos em que ambos trabalham fora, há maior equilíbrio entre a participação dos membros. A participação média do membro provedor de menor renda é de 40% no caso destes casais, comparado a cerca de 30% para casais não homoafetivos.
Sobre Douglas Araújo
Além de investidor e autor do livro Do Abacate ao Milhão – 7 passos para enriquecer, Douglas Araújo também é idealizador da ONG Sementes do Amanhã, juntamente com um grupo de moradoras da comunidade e comerciantes do município de Morro do Chapéu – BA. Lá são alimentadas diariamente 50 crianças que também participam de atividades socioeducativas. Além disso, são oferecidos cursos profissionalizantes aos pais dessas crianças como: manicure, pedicure, cabeleireira e barbeiro como um incentivo para gerarem a sua própria renda. Em 2020, será implantada uma nova unidade da ONG Sementes do Amanhã no município de Cafarnaum – BA.
Douglas é formado em Fisioterapia pela UniSant’Anna e Teologia na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Também possui pós-graduação em Gestão de Negócios pela Faculdade Visconde de Cairú e Psicologia Junguiana no Instituto Junguiano de Ensino e Pesquisa.Acompanhe mais através das mídias sociais: www.instagram.com/douglasaraujor