Desde que assumiu seu posto como vereadora há quase um ano, Érika Hilton (PSOL), a primeira mulher trans a ocupar o cargo na Câmara, tem passado por diversos desafios em seu trabalho, muitos deles envolvendo a própria saúde física e mental da parlamentar.
Apesar de ter sido a mulher mais votadas nas eleições de 2020, muitas pessoas não aceitam a presença de Érika na política brasileira e propagam atitudes e mensagens de ódio contra a vida de Hilton. Em uma entrevista concedida ao Universa, ela falou sobre as ameaças que tem recebido desde que iniciou seu mandato.
“Tenho medo, claro, a gente tem a história de Marielle Franco como exemplo do que pode acontecer com uma mulher negra e LGBTQIA+ que defende direitos humanos no Brasil. O medo tem o poder de nos paralisar e todas essas ameaças e ataques são tentativas de me paralisar, me intimidar para ver se eu desisto” disse a vereadora ao ser questionada a respeito de se sentir com medo das ameaças.
Érika já passou por situações de extremo perigo, como quando teve seu gabinete invadido por um homem portando itens religiosos, ou quando um outro homem apontou contra ela a mira de um revolver 38. “As ameaças e ataques que acontecem fora da internet me assustam mais, porque são pessoas que saíram do anonimato e decidiram me confrontar na vida real. Quando a violência segue no ambiente virtual a gente tem uma sensação de covardia, de alguém que está se escondendo atrás de um perfil, mas quando a pessoa se materializa na sua frente você percebe que ela está realmente disposta a cometer aquela violência que está ameaçando na internet” relatou.
“Tenho trabalhado essas questões na terapia e levado todos os casos à Justiça, para que identifiquem e punam os agressores conforme a lei. A Justiça é bastante lenta e é preciso ter paciência, mas eu tenho esperança. Quanto mais medo eu sinto, mais forte eu me torno e mais certa do que estou fazendo eu fico” diz Hilton sobre os traumas que tem devido a essas situações.