O Dia do Orgulho LGBTQIA+, celebrado em 28 de junho, que ficou conhecido como um marco na luta pelos direitos LGBTs, quando, em 28 de junho, de 1969, tornou-se palco de uma coibição hostil advinda da polícia. A comunidade, que sempre se calava diante do tratamento indigno oriundo de grupos majoritários, resolveu reagir. Data efeméride continua trazendo muitas atividades voltadas à diversidade à tona.
Nesse sentido, várias personalidades da música e atuação dão ainda mais ênfase na luta para seguir em frente em meio a tantas adversidades e preconceito. Nomes como o ator e apresentador Hugo Bonemer, o ator trans Bernardo de Assis, o cantor Piettro, as drag queens Sara e Nina e o cantor Raza, dão seus depoimentos de vida e explicam como, por meio de seus projetos e voz, pretendem abrir caminho e espaço para que os direitos da comunidade sejam ouvidos e respeitados.
Piettro
O cantor Piettro vem fazendo um “barulho bom” com suas músicas e vídeos que falam de amor, sexo, dança e sensualidade. Com 13 obras lançadas, de forma independente, o brasiliense já soma mais de 7 milhões de views no Youtube e mais de 38 mil inscritos.
O mês de junho é algo que me representa, me faz sentir pertencente a uma coisa maior. O público LGBTQIAP+ é minha base e significa muito para mim. No início da minha carreira, antes de assumir a identidade Piettro, me apresentei em várias Paradas do Orgulho e elas foram um marco na minha carreira, desde o início meus melhores shows foram nelas. Espero poder fazer novas apresentações, agora como Piettro para esse público que merece o melhor de nós artistas.
Hugo
O ator Hugo Bonemer, quando se assumiu, sentiu que poderia ser uma representação de força e coragem para o processo de autoaceitação de outras pessoas. Na época eu estava em cartaz com dois musicais que fazem parte da minha vida, “Yank” onde eu fazia Stu, um correspondente que se apaixona por um soldado em plena 2ª Guerra Mundial e “Ayrton Senna – O Musical”, onde fazia o papel título. Ao contar da jornada dupla a um repórter ele perguntou sobre vida particular e “se eu tava namorando?”… eu disse “sim’, ele perguntou “quem era ela?” eu disse “é ele, ”. Deveria ser sempre simples assim, né? – recorda Bonemer.
Na TV, em 2019, quando participou do quadro Show dos Famosos, do Domingão do Faustão, Hugo protagonizou um momento emblemático.
Na época eu estudei quem homenagearia no quadro junto com a equipe, eles me deram opções e eu tive também chance de dar meus pitacos. Vieram Lulu Santos, que sempre semeia o amor, Amy Winehouse, um ícone, Freddie Mercury, cujo talento atravessava a lgbtfobia, mesmo não levantando bandeiras, criou hinos que deram voz a centenas de milhares de pessoas que sofriam caladas. Apesar de tudo, os fãs sempre curtem lembrar de quando fiz Britney Spears, alguns me disseram que eu fiz o que eles queriam fazer sempre, uma diva pop em pleno domingo em horário nobre. Fico muito feliz em poder levar essa alegria e ajudar quem passa pela batalha da autoaceitação – completa Hugo.
RAZA
Com apenas 34 anos, RAZA é outro cantor que se lança de forma independente e sem temor de cantar sobre medos, ambições, angústias e por aqueles que têm a voz reprimida diversas vezes.
Eu já vivi relações em que fui abusado e estar nesta situação é como viver em uma prisão, por isso a música fala de seguir em frente e se libertar para resgatar o próprio valor e reaprender a se amar. Percebo uma identificação muito forte com o tema. Relações abusivas são muito comuns e a música é um grito de liberdade e uma ode ao amor-próprio – disse ele na época do lançamento de My Rise Your Fall.
Bernardo de Assis
Destaque na TV com o personagem Catatau, na trama das 19h da Globo ‘Salve-se Quem Puder’, Bernardo de Assis viu nessa mais uma oportunidade de ter voz e falar sobre a transexualidade.
Em 2020 dirigi meu primeiro curta, “Bhoreal”, que teve sua estreia em um festival com a Mídia Ninja, passando pelo Festival de Cinema de Vitória e pelo Festival For Rainbow. É um documentário sobre a Drag Queen Gervásia Bhoreal, que durante a pandemia fez alguns projetos sociais com moradores de rua de São Paulo. Esse curta nasceu como um exercício do curso Audiotransvisual: uma iniciativa do cineasta André da Costa Pinto, que ofereceu uma formação online e gratuita a 30 alunos trans durante o período de isolamento social – diz.
Sara e Nina
As drag queens cantoras, Sara e Nina são outro exemplo. A dupla, formada em 2014, fez sucesso no show ‘Minhas Mulheres Tristes’, no qual faziam homenagem às músicas cantadas por mulheres das décadas de 40 a 70 da música brasileira, principalmente do gênero samba-canção (conhecido como fossa).
Hugo Bonemer: https://www.instagram.com/hugobonemer/
Bernardo de Assis: https://www.instagram.com/bedeassis/
Sara e Nina: https://www.instagram.com/sara_e_nina/