Jéssica Yakecan Potyguara, de 27 anos, é membro da aldeia São José, na pequena Crateús (CE), com pouco mais 76 mil habitantes, e relatou o preconceito que vivencia por ser uma mulher lésbica e indígena que reside no Nordeste.
“Eu tive um tipo de apagamento quando eu me assumi. Muitas coisas ficaram difíceis para mim”, desabafou a ativista, em entrevista ao portal g1. Ela, por sua vez, explicou que um dos desafios que teve ao se descobrir lésbica, aos 15 anos, foi conseguir a aceitação da família.
Filha de pajé e descendente de lideranças do movimento social, Yakecan precisou se afastar do ativismo, por causa do preconceito da própria comunidade. “A maioria das famílias dos parentes [outros indígenas] que são LGBTs não aceita porque isso é um pecado. O certo é casar a mulher com o homem. Isso que a gente aprende durante o nosso crescimento. E muitas famílias são violentas”, disse.
Em 2019, ela criou um coletivo de indígenas LGBTs com atuação em todo o estado, cujo objetivo é realizar visitas em aldeias pelo Brasil, afim de levar conscientização sobre a pauta LGBT e apoiar quem passa pelos mesmos desafios.
Todavia, nem todas as comunidades são receptivas, e o grupo costuma ser expulso e até mesmo ameaçado de morte. “Hoje eu vejo muito as lideranças e os mais velhos ficarem mais atentos. Eles dizem que têm muito orgulho por eu ser quem eu sou”, pontuou.