No mês do Orgulho LGBT, data efeméride quando, em 28 de junho de 1969, um grupo de policiais de Nova York fez uma rotineira e violenta batida no Stonewall Inn, bar onde a hostilização e abusos policiais eram frequentes. E a comunidade, que sempre se calava diante do tratamento indigno oriundo de grupos majoritários, resolveu reagir. Data continua trazendo muitas atividades voltadas à diversidade à tona. Você sabe como fazer para concretizar o seu sonho de ser mãe ou pai?
Dr. Gustavo Teles, especialista em reprodução assistida do Grupo Huntington, opina a respeito ao Observatório G.
Qual é a diferença entre inseminação intra-uterina e fertilização in vitro, e como funciona com casais homoafetivos?
Para casais homoafetivos existem três opções para terem filhos: adoção, inseminação intra-uterina e fertilização in vitro. A fertilização in vitro, conhecida como FIV, por apresentar melhores taxas de sucesso em relação à inseminação, é um método frequentemente escolhido pelos casais homoafetivos.
Basicamente, a FIV consiste no encontro do óvulo e do espermatozóide em um ambiente controlado dentro do laboratório e na posterior transferência do embrião para o útero da mulher. Isso significa que a fecundação ocorre fora do corpo feminino e o embrião inicia o seu desenvolvimento ainda no laboratório, para só depois se implantar na parede uterina e dar continuidade à gestação.
Já a inseminação intrauterina é uma técnica de reprodução assistida na qual o sêmen é injetado diretamente dentro do útero, o que reduz o caminho a ser percorrido pelos espermatozóides e aumenta a chance da fecundação ocorrer. Embora possa ocorrer uma seleção prévia dos espermatozoides mais ágeis, a fecundação ocorre de forma natural e
depende da mobilidade das células, da desobstrução tubária e da ovulação feminina.
O que é preciso saber para se planejar? Há idade ideal?
É importante saber que existem algumas etapas para realização da FIV: coleta de óvulos e/ou coleta dos espermatozoides, união de ambos no laboratório para formar os embriões e a inserção de um ou dois embriões no útero da mulher.
Além disso, para casais homoafetivos formados por duas mulheres, que podem usar o óvulo de uma das parceiras, será necessário o sêmen de um doador para colocar no útero da outra parceira. Já para casais formados por dois homens, é necessário uma doadora de óvulo, o sêmen de um dos parceiros (ou de ambos) e, ainda, ter o que chamamos de útero de substituição – uma mulher que doe seu útero para a gestação.
E sim, há uma idade ideal. Os óvulos das mulheres, sejam as que irão realizar o procedimento ou os doados – no caso masculino – têm que ter até 35 anos para que as chances de sucesso sejam maiores.
Quais são as questões legais?
No Brasil, o doador de sêmen e de óvulo não pode ser identificado. O sêmen é obtido em bancos de sêmen devidamente registrados na ANVISA. Embora a doação seja anônima, as características físicas do doador estão disponíveis para as pacientes e médicos envolvidos, para uma escolha adequada. Já a doadora de óvulo tem que ter até 35 anos e não poderá ser a mesma mulher que será o útero de substituição. Segundo a nova resolução do Conselho Federal de Medicina, pode-se utilizar também gametas de parente de até 4º grau.
No caso do útero de substituição, também é importante considerar que a mulher que fará a gestação deve ser parente de até 4º grau de um dos homens do casal (mãe, avó, tia ou prima), ou o casal pode escolher buscar por uma amiga, mas neste caso, será necessário a autorização do Conselho Regional de Medicina. A mulher que irá gestar deverá também passar por uma avaliação clínica e psicológica cuidadosa antes de ser autorizado o tratamento.
Onde fazer o procedimento para que tudo ocorra com segurança?
O recomendado é que a pessoa procure por clínicas especializadas em reprodução assistida. A primeira coisa que precisa buscar é por referências de outros pacientes da clínica. Como eles foram tratados pela equipe médica? Os equipamentos eram de qualidade? O tratamento foi bem sucedido? Essas são perguntas essenciais para fazer a pacientes que já passaram pela clínica.
Minha sugestão é que a pessoa busque por locais seguros, com equipamentos modernos e uma equipe médica qualificada e comprometida com o seu bem-estar. Ter um bebê é um processo que envolve fatores emocionais complexos e você precisa contar com os melhores profissionais possíveis nesse momento.