A narrativa do empoderamento feminino está em voga, isto não é segredo. Mulheres exteriorizam liberdade, sexualidade, beleza e aproveitam o ensejo para erguer bandeiras sob o brado: “O corpo também é político”.
Desse modo, muitas mulheres buscam uma nova ótica sobre si através da fotografia. A foto é um modo sofisticado de expressão, e, além de eternizar momentos, também pode ajudar a elevar a autoestima e trazer à tona toda sensualidade que todas trazem naturalmente dentro de si.
Nessa direção, a fotógrafa de Taubaté, Thainá Reinert busca, através desta arte, ressaltar toda beleza que há dentro das mulheres, captando a essência e plenitude de cada uma. Segundo ela, existem vários motivos que impulsionam uma mulher a procurá-la, desde apenas fotografar para guardar uma recordação até autoaceitação.
“A fotografia é algo muito delicado, ou seja, não pode ser executada da mesma maneira com pessoas e histórias diferentes. O empoderamento é pessoal e cada uma sabe de sua luta. Tem como ser sensual e delicado ao mesmo tempo, algo natural, mas só o fato de se permitir sentir já é um progresso. Têm mulheres que me procuram para simplesmente ter outra visão de si, e outras que querem se sentir sensuais, donas de si. Não acredito que a fotografia sensual seja o melhor caminho em casos, por exemplo, de relacionamento abusivo, é necessário um processo bem mais profundo de cura. A fotografia é um autoconhecimento, e só o fato de querer se conhecer é um passo, são detalhes“.
Nudez
Sobre a relação da nudez e liberdade com a erotização exacerbada, Thainá revelou que, de fato, existe uma linha tênue entre esses dois extremos. “Acredito que o nu ainda seja tão erotizado por ser algo enraizado, leva tempo essa desconstrução, é um processo. Além do mais, por ainda existir a indústria pornográfica. A cruel indústria pornográfica.“
“O nu também é algo bem delicado. Nem sempre o projeto/tema/ideia tem essa necessidade de expor mulheres nuas. Temos que parar de associar o nu com o erótico e sensual, são coisas diferentes e, colocadas de determinadas maneiras, colaboram com a objetificação feminina sim. O corpo humano e suas linhas corporais é algo incrível e tem que ser visto com outros olhos.“
Acerca do debate sobre sexualidade e nudez ter amplificado, Reinert foi indagada sobre preconceitos. Desse modo, explanou que os olhares estão menos julgadores, porém muita gente ainda se incomoda com o corpo alheio. “Os olhares estão mudando, mas a luta continua. A sensualidade, liberdade e sexualidade ainda incomodam algumas pessoas, mas a arte nada mais é que a própria luta de expressão. Eu vejo que, em alguns pontos, as pessoas estão mais confortáveis em se expressar, mas ainda existe uma repressão enorme. É tudo um processo e nosso trabalho como artista é mostrar uma nova maneira de olhar as coisas“.