O suicídio é a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no mundo, atrás apenas de acidentes de trânsito, segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2019.
Pessoas homosexuais têm muito mais chance de cometer atos como esse e isso tem relação direta com o acolhimento. Segundo estudo da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, os adolescentes que convivem com quem aceita os LGBT+ têm 25% menos probabilidade de tentar suicídio do que os ambientes mais repressores.
Em suma, o suicídio entre o público LGBT+ não está desassociado de questões familiares, da culpa e da religiosidade.
Além disso, mais homens morrem devido ao suicídio do que mulheres (12,6 por cada 100 mil homens em comparação com 5,4 por cada 100 mil mulheres). As taxas de suicídio entre homens são geralmente mais altas em países de alta renda (16,5 por 100 mil), conforme o relatório “Suicide worldwide in 2019”.
Uma pesquisa conduzida pelo Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH), nos Estados Unidos, uma das maiores organizações de pesquisas sobre saúde mental do mundo, entendeu que a orientação sexual vivida em ambientes repressores pode majorar essa incidência.
A análise reuniu no total 191.954 participantes, sendo que 14.693 são gays, lésbicas ou bissexuais. O levantamento apontou que as taxas podem ser maiores entre estes grupos.
Contextos diferentes
No livro ‘Fédon’, de Platão, narra-se um diálogo sumamente profundo entre Platão e Sócrates. Em resumo, Sócrates já havia sido julgado e condenado pelo tribunal de Atenas e aguardava a execução da pena (beber veneno) na cadeia. O clássico versa sobre os questionamentos que advêm dos recônditos da alma e sobre sua imortalidade.
O mito de Sísifo é um ensaio filosófico escrito por Albert Camus, em 1941. O ensaio é uma introdução à filosofia do absurdo: o homem em busca de sentido, unidade e clareza no rosto de um mundo ininteligível, desprovido de Deus e eternidade. Assim, nasce a premissa: “Só existe um problema filosófico realmente sério: o suicídio. Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder à pergunta fundamental da filosofia.” Camus, O Mito de Sísifo, p.17.
Segundo Botega, a avaliação do risco do suicídio só pode ser concretizada se, antes de qualquer coisa, percebemos que a pessoa diante de nós poderá se matar. Existem várias especificidades e contextos que podem acentuar essa ‘tendência ao suicídio’. Fatores sociais, dificuldade de autoaceitação e orientação sexual também.