Quando falamos de esporte estamos falando de um dos pilares do entretenimento em todo o mundo. Em todos os lugares, podemos ver pessoas em mesas de bares comentando sobre algum esporte, jogos passando na televisão, crianças brincando nas ruas sonhando em um dia ser um craque de alguma modalidade esportiva.
Apesar de ser um dos temas mais falados internacionalmente, também é um tema que carrega um dos maiores tabus ainda existentes na atualidade, a homossexualidade no meio esportivo. É claro que hoje os direitos conquistados por atletas que fazem parte da comunidade LGBTQIA+ já foram muitos, mas isso não deixa de lado o fato de que ainda há muito pelo o que lutar.
Em 1975, Dave Kopay se tornou o primeiro atleta da NFL a se declarar homossexual, depois dele muitos outros também tomaram a decisão de serem exatamente quem são, dentro ou fora dos esportes. Reneé Richards, em 1977, passou a ser a primeira atleta trans a disputar um torneio feminino. Em 1981, a tenista Martina Navratilova, um dos maiores nomes do tênis mundial, arriscou e assumiu sua orientação sexual quando estava no auge de sua carreira.
Já em 1990, quando chegou a vez do jogador britânico de futebol Justin Fashanu, de se abrir para o mundo e decidir viver sua vida da maneira como queria, a atitude do esportista não foi vista com bons olhos. Após ter revelado sua sexualidade, Justin passou a não ser tão bem aceito como antigamente por seus colegas de time e sofreu uma queda brusca em sua carreira. Em 1998 Justin cometeu suicídio.
Embora de lá para cá muitos atletas tenham lutado por seus direitos e aguentado firmes o preconceito para que outros pudessem se ver em um ambiente de “aceitação”, a realidade é bem diferente do que se esperava para os dias de hoje. Mesmo com grandes nomes do atletismo sendo parte da população LGBTQIA+, e que fazem todo possível para que a inclusão e diversidade de pessoas desta comunidade passe a alcançar números maiores e ganhem mais visibilidade, o preconceito ainda é algo que prejudica a carreira de muitos.
O futebol, considerado o esporte mais popular do mundo é também o esporte de maior intolerância, principalmente quando se trata do setor masculino. Apesar de todos os esportes serem em si um lugar de afirmação da masculinidade, o futebol é responsável pela maior parcela do preconceito existente neste meio.
Em junho de 2019, o técnico Renato Gaúcho deixou subentendido que o futebol não é um lugar para gays e afirmou não entender o motivo de gays no esporte se tornar uma notícia mundial. “Se tem um gay na música é normal, se tem um gay ator é normal, se tem um gay em qualquer outra profissão é normal. Mas se tem um gay no futebol, vira notícia mundial. Por quê? Não entendo isso.” disse o técnico em entrevista dada para a Folha de São Paulo.
“Se eu tenho um jogador gay, vou sacanear ele de manhã, de tarde e de noite. Eu quero é que ele jogue. O que não pode é misturar as coisas: entrar no vestiário de sacanagem por ser gay e levar mais para o lado gay dele do que para o trabalho. Aí ele tá fora comigo” concluiu.
Apesar do fato de que para atletas homens a aceitação ser algo mais difícil de se conseguir, para as mulheres LGBTQIA+ o peso tende a ser um pouco maior, devido ao preconceito de gênero já existente. As atletas precisam lidar com o julgamento por serem vistas como o “sexo frágil” e com as dificuldades impostas devido a sua orientação sexual, fazendo com que precisem lutar duas vezes mais para ganhar espaço em suas carreiras.
Muitas jornadas foram percorridas até chegarmos onde estamos hoje, muita batalhas foram perdidas e muitas vitórias foram conquistadas, abrindo caminho para um mundo esportivo com diversidade e a inclusão para todos. Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio 2020, que bateram o recorde de esportistas da comunidade LGBTQIA+ em sua participação, foram um exemplo de tudo o que foi alcançado por atletas que deram o melhor de si para mostrarem que a sua sexualidade não define seu potencial esportivo.