Cultura

Cineasta Madiano Marcheti fala sobre filme "Madalena" e transfobia

“O filme questiona como nós, como sociedade, permitimos que isso aconteça, e isso continua acontecendo" diz Madiano

Madiano Marcheti
Madiano Marcheti (Foto: Reprodução)

O primeiro longa-metragem do mato-grossense Madiano Marcheti, “Madalena” tem se tornado um grande sucesso internacional e tem sido admirado em todos os festivais de cinema pelos quais passou. O filme conta a história de sua personagem principal Madalena, uma mulher trans que se ausenta da trama logo em seus primeiros minutos, quando é encontrada morta em uma plantação de soja.

O diretor Madiano Marcheti, concedeu uma entrevista à Rádio França Internacional, onde falou a respeito da produção, também sobre a transfobia e contou que o objetivo da trama era causar desconforto ao público. “Você sabe desde o início que uma pessoa trans morreu, foi assassinada, e você termina o filme sem saber muita coisa. Porque, de uma certa forma, o filme não está buscando identificar o criminoso em si. O objetivo é mostrar como esse crime reverbera naquele lugar e na sociedade” diz.

“Madalena” foi produzido com o intuito de ser um espelho da transfobia no Brasil, mostrando como muitas vezes fechamos os olhos para esses crimes, permitindo que eles continuem a acontecer dia após dia. “O filme questiona como nós, como sociedade, permitimos que isso aconteça, e isso continua acontecendo. Então, o espectador fica em uma posição desconfortável porque não sabe o que houve com Madalena e fica imaginando hipóteses para as quais não vai ter as respostas. Tudo isso nos leva a refletir sobre o nosso papel diante os crimes de transfobia no Brasil” afirma Madiano.

O cineasta também diz que em seu primeiro filme quis falar de suas origens e conta como apesar de amar o lugar de onde vem, não se sentia integrado a ele. “Como uma pessoa gay, crescer nesse local foi complicado. Ao mesmo tempo em que eu amo esse lugar e muitas pessoas queridas para mim vivem lá, eu me sentia parte e não-parte daquele local por não me encaixar nos padrões. Então, nesse meu primeiro filme, eu queria falar da minha origem – esse local físico – e esse lugar interno ao qual eu não me sentia integrado” finalizou.

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