Dentro de preceitos religiosos tradicionais das religiões abraâmicas, a homossexualidade costuma ser vista como um pecado, por representar, sobretudo, uma falsa ameaça a instituição família. Lucas Borba é cristão, cantor gospel e representa a comunidade LGBT+. Sua música retrata a sua vivência e experiência em situações de preconceito, acolhendo a comunidade, sendo um refúgio a ela.
Em entrevista ao Observatório G, ele falou sobre o divisor de águas em sua vida, que aconteceu em 2015.
“Tantas coisas aconteceram naquele ano. Naquele momento fazia parte da Igreja Batista, e mesmo sabendo quem eu era, por conta do que aprendi dentro desse contexto sempre lutei contra o que eu era. Nunca me senti culpado diante de Deus, estudei muito todos os trechos bíblicos que usavam pra nos condenar ao inferno e entendi que muitas coisas foram traduzidas e estudadas em contextos carregados de preconceito e tradições, mas que não condizem com o que realmente Deus pensa sobre nós. Em 2015 meu primo, também gay, me levou para conhecer a igreja Cidade de Refúgio onde me aprofundei ainda mais sobre a teologia inclusiva. A igreja é presidida pelas pastoras Lanna Holder e Rosania Rocha, que vieram da igreja Assembleia de Deus”, disse.
“Tanto elas, quanto eu, quanto meu esposo, quanto tantos outros milhares de membros da nossa Igreja, tivemos histórias semelhantes em que não fomos aceitos nas nossas denominações de origem, muitos excluídos ou não aceitos exercendo nossos dons e talentos na igreja. Tantas pessoas e histórias com seus dons calados, parados, mortos. Tive a chance e o tempo de conhecer essa comunidade que transborda amor, acolhimento, abraço e nos dá a oportunidade de ajudar tantos outros que viveram o que a gente viveu. Infelizmente muitos não têm a mesma oportunidade e acabam desistindo de lutar, antes de encontrar o brilho e olhar de amor do Deus que nunca fez acepção de pessoas”, prossegue.
Casado com Thiago desde 2016, ambos se conheceram na Igreja. O Thiago era líder do ministério de louvor na igreja, e foi por meio da música que se conheceram. Os dois são muito semelhantes nas atividades que exerciam em suas antigas igrejas e seus propósitos de vida. E mesmo fora da igreja, sempre foram muito ligados em seus trabalhos (nos quase 6 anos de casamento trabalharam juntos em restaurante, em barbearia, em decoração de eventos, em design gráfico) mas decidiram finalmente investir tempo na carreira artística do Lucas, para ajudar pessoas que, como ele, precisam conhecer esse amor de Deus, que acolhe e te incentiva a melhorar, a ser mais justo e generoso, mas não suprime a sua sexualidade.