Embora os fetiches sejam parte da constituição da individualidade, pesquisas recentes sugerem que possam ser hereditários.
Fetiche x tara
Segundo o jornal The Varsity, o University of Toronto’s Student Newspaper desde 1880, os fetiches sexuais são “interesses sexuais não convencionais em partes do corpo não genitais, objetos inanimados ou comportamentos”. No entanto, é possível que eles sejam hereditários, isto é, herdados da família?
Diferentemente, as taras são somente interesses sexuais convencionais que não constituem desvio à norma sociocultural vigente. Exemplos de tara são homens de olhos verdes, morenos misteriosos, jockstraps, etc.
Fetiche: tipos e subtipos
Em reportagem sobre um estudo científico sobre fetiche, o jornal estudantil da Universidade de Toronto resenhou um estudo italiano. Claudia Scorolli, professora adjunta e pesquisadora no Departamento de Filosofia e Estudos de Comunicação da Univesidade de Bologna, e seus colegas pesquisaram sobre a possibilidade de fetiches serem hereditários.
Os estudiosos, portanto, elencaram três categorias de fetiche e seis subcategorias adicionais. Para Scorolli, as três categorias de fetiche são: corpo, objetos e comportamentos.
Uma das seis subcategorias, por exemplo, diz respeito a comportamentos interativos como dominação, submissão, humilhação e roleplay. Nessa subclasse de fetiche estão grande parte das práticas sexuais do BDSM, tal como bondage, spanking, ageplay, CBT e castidade.
Já as práticas sexuais da subcultura Leather, por exemplo, giram em torno da subcategoria fetichista de objetos. Nessa subcategoria, entram os fetiches em roupas, couro, motocicletas, etc.
Fetiche é hereditário ou individual?
Segundo a 5ª edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, fetichismo só é uma desordem, ou assim considerado, quando causa “sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes do funcionamento”.
A distinção é importante porque muitos querem saber se fetiches são hereditários porque temem herdar comportamentos sexuais desviantes. No entanto, a maioria dos fetiches é uma identidade sexual válida, relembra a sexóloga Gloria Brame.
O neurocientista Vilayanaur Ramachandran, diretor do Centro do Cérebro e da Cognição da Universidade da Califórnia, em San Diego, teorizou uma explicação para fetiche por pés.
Segundo o pesquisador, as informações sensoriais dos pés e informações sensoriais dos órgãos genitais são processadas numa região próxima do cérebro. O professor da Universidade da Califórnia usou o termo “conversa paralela neural” para explicar o fenômeno.
Fetiches: hereditários ou provenientes de trauma?
Em um artigo de 2007, Relative prevalence of different fetishes, Scorolli e outros pesquisadores concluíram que fetiches são relativamente prevalentes. Mas, ao contrário de fetiches em objetos, que provavelmente se originam em experiências da primeira infânica, os fetiches em regiões do corpo podem ter origem genética.
Segundo Ruoyan Li, numa resenha de um estudo do pesquisador do Instituto Kinsey Justin Lehmiller, “o gene DRD4 influencia vários comportamentos sexuais, como estado de virgindade, fantasias sexuais, infidelidade sexual a um parceiro comprometido, parceiros sexuais extra-relacionamento e novidade sexual”, escreve o autor.
Para explicar a ligação genética, e portanto hereditária, entre fetiches BDSM e um padrão no DNA, Lehmiller explica que “em comparação com indivíduos com o alelo DRD4 normal, aqueles com 7R+ são mais ativos no sexo e têm comportamentos sexuais mais arriscados.”
Dessa forma, pessoas com o o alelo modificado procuram sensações arriscadas no sexo, o que reitera a hipótese de que fetiches são hereditários. Embora o código genético não seja, sozinho, determinante do comportamento sexual, esses estudos abrem uma área de pesquisas bastante promissora na área de Genética e Teoria Cognitiva.