Transexual refere-se especificamente a pessoas que transicionam permanentemente de um sexo para outro, este processo pode conter cirurgia e reposição hormonal. Mudanças legais e sociais também compõem a realidade de pessoas trans, que passam a usar o que chamamos de nome social, que se adequa ao gênero ao qual o sujeito se identifica.
“Cada indivíduo tem o direito de definir suas próprias identidades e esperar que a sociedade as respeite. Isso também inclui o direito de expressar nosso gênero sem medo de discriminação ou violência. Em segundo lugar, temos que ter o direito exclusivo de tomar decisões sobre nossos próprios corpos, e que nenhuma autoridade política, média ou religiosa violará a integridade de nossos corpos contra nossa vontade ou impedir nossas decisões acerca do que fazemos com eles”, diz Emi Koyama, ativista, artista e acadêmica independente.
A mãe de dois, a britânica Jess Bratton, 25 anos, de Staffordshire, na Inglaterra, narrou um pouco de seus percalços e deleites com a sua filha trans, que, ainda na tenra idade, tentou cortar o próprio pênis com uma tesoura. Mas agora com 8 anos, sobretudo com o apoio da família, se mostra confiante e feliz.
“Eu estava na cozinha fazendo o jantar, de costas para a porta do quarto de Logan. Ela estava tagarelando com suas bonecas, mas de repente ficou em silêncio. Gritei o nome dela e não obtive resposta, então, segundos depois, fui ao quarto e a peguei sentada na cama com as calças abaixadas, segurando uma tesoura nas pontas. Eu gritei alto, o que a fez pular, e rapidamente tirei a tesoura dela. Então eu apenas a segurei em meus braços e nós duas choramos. Depois, expliquei que cortar-se iria doer muito e que, como ela queria fazer algo tão drástico, teríamos que falar com um médico. Aquele dia me fez perceber a gravidade da situação. Não foi apenas uma fase; meu filho realmente queria ser uma menina”, contou ao Daily Mail.
Compreendendo que o seu filho, mesmo que de forma natural e fluida, já incorporava o gênero de identificação, a mãe resolveu levar a situação até um especialista. “Meu médico disse que não havia realmente nada que pudéssemos fazer, mas solicitou que eu ficasse de olho em Logan enquanto isso. Antes disso, eu tinha tentado encorajar Logan a se vestir com roupas de meninos e brincar com brinquedos de meninos, mas depois do susto eu decidi dar boas-vindas a seu desejo de mudar”, disse.
“Logo, ela começou a pedir para fazer meu cabelo e maquiagem. Ela estava tão interessada em mim, assim como em sua irmã quando ela nasceu. Conforme Lylah crescia, os dois se tornaram mais irmãs do que irmão e irmã, e o desejo de Logan de ser uma menina nunca foi embora. Na verdade, ele só ficou mais forte. Quando Logan tinha 6 anos, começou a falar sobre mudança de sexo. Ela me disse que não queria ter seus genitais e continuou dizendo que queria ser ‘Maria’, como eu e sua irmã. Eu disse a ela que, quando ela fosse um pouco mais velha, os médicos poderiam ajudá-la”, lembra.
Escola
“Ela sempre teve muito medo de ir para a escola vestida de menina, mas estar em casa [na pandemia] realmente permitiu que Logan se tornasse confiante o suficiente para ir em frente. Enquanto ela não conseguia parar de sorrir, eu estava uma pilha de nervos! Eu estava tão preocupada com a possibilidade de ela ser intimidada. Falei com alguns pais da escola e com a professora de Logan sobre isso antes, e todos foram muito positivos. Felizmente, a escola tem sido muito favorável. A professora de Logan também mostrou à classe um vídeo do YouTube sobre ser transgênero e seus amigos acham que ela é mais legal por causa disso”, revelou.
“Ela adora quando os caixas [do supermercado] se referiam a ela como uma menina e dizem que ela se parece comigo. Em relação ao nome – Ela está feliz em mantê-lo por enquanto, mas porque se sente diferente, quer um novo nome. Já discutimos isso no passado e Logan escolheu alguns nomes, mas eles sempre mudam. Tenho certeza de que ela vai encontrar um que vai aderir em breve”, disse.
“Ela sempre foi uma menina. Ela nunca gostou de coisas de meninos, nem mesmo antes de poder falar. Ela sabe que ainda é um menino, mas diz que por dentro é uma menina. Aconteça o que acontecer, só quero que ela seja feliz. Isso é tudo o que realmente importa”, finalizou.