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Militares gays na Venezuela enfrentam prisão ou expulsão

"É mais grave ser gay do que ser corrupto", lamenta José

Militares gays na Venezuela enfrentam prisão ou expulsão
AFP PHOTO / OLGA MALTSEVA

De acordo com depoimentos dados à AFP, “É mais grave ser gay do que ser corrupto”, como lamenta José, de 36 anos, militar que pediu para ser chamado desta forma.

“Há militares corruptos, ladrões, narco-traficantes, com procedimentos que os sancionam e seguem trabalhando como se nada tivesse acontecido”, disse José, que guarda em seu celular uma fotografia na qual se observa uma região careca em sua cabeça. “Era tamanha a pressão que fazia cair o meu cabelo”.

O Código Orgânico da Justiça Militar vigente praticamente condiciona os militares à repressão, sob pena de três anos de prisão e uma saída desonrosa.

Muitos pedidos de ativistas para revogação deste artigo, que permanece imodificável.

Além disso, José revelou que uma entrevista com perguntas pessoais é feita. Para erigir de cargo, é importante ter família, filhos ou noiva. Em 2017, abriram investigação interna para determinar “quem era gay”.

“No último dia da investigação me fizeram o teste de polígrafo, me prenderam em um quarto, me conectaram a umas máquinas, praticamente sem roupa, conectado com fios nos dedos, nas mãos. Me perguntaram o mais íntimo”.

 “O comandante dessa unidade me dizia que tinha nojo de maricas, que não me queria perto”, falou José.

Em 2019, dois atores foram presos pela polícia venezuelana após apresentarem um espetáculo no qual interpretavam dois policiais homossexuais. A detenção dos artistas aconteceu durante a apresentação da peça.

Cuba

Gays e lésbicas sempre foram perseguidos no país, especialmente nos anos subsequentes à revolução de 1959, liderada pela família Castro, na qual a repressão se institucionalizou. Em 1961, na noite dos três Ps, vários homossexuais e prostitutas foram presos.

Segundo o GGB, 10 mil gays e travestis foram expulsos de Cuba na primeira década da revolução. Além disso, a perseguição continuou robusta ainda por muito tempo. Em 2010, o ex-presidente cubano Fidel Castro veio a público e assumiu a culpa pela homofobia que resultou em diversas vítimas na Ilha.

Em 2017, conforme reportamos, a sobrinha de Fidel Castro aventou a importância de estabelecer punições mais duras para os autores de crimes relacionados à violência contra pessoas gays, lésbicas e bissexuais, transexuais e transgêneros. 

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